Foi em outubro de 1920, há 100 anos, que Agatha
Christie lançou seu primeiro livro: O Caso Misterioso de Styles. A obra, que
ela começou a escrever como uma espécie de resposta a um desafio feito pela sua
irmã Madge, que apostou que ela não conseguiria escrever uma boa história de
detetive, saiu primeiro nos Estados Unidos e só no ano seguinte o romance
policial foi publicado na Inglaterra, país da autora.
O Misterioso Caso de Styles foi publicado em
1920, pela The Bodley Head, mas sua história começou anos antes, ainda durante
a Primeira Guerra Mundial, quando Agatha Christie trabalhava na botica do
hospital e tinha bastante tempo livre para imaginar – diferentemente de sua
experiência anterior, como enfermeira voluntária no conflito.
“Eu comecei a pensar em que tipo de
história de detetive eu poderia escrever. Já que eu estava rodeada de veneno,
talvez fosse natural que a morte por envenenamento fosse o método escolhido. Eu
me decidi por um fato que parecia levar a várias possibilidades. Brinquei com a
ideia, gostei dela e finalmente a aceitei. Depois fui para os personagens. Quem
seria envenenado? Quem o envenenaria? Quando? Onde? Por quê? E todo o
resto”, escreveu Agatha Christie em sua autobiografia.
Pessoas que passavam por ela serviam de inspiração,
mas ainda era preciso inventar seu detetive. Não queria nada como Sherlock
Holmes, que apareceu pela primeira vez em uma história de Arthur Conan Doyle em
1887. Era preciso criar um detetive dela, com características inventadas por
ela. A ideia de Hercule Poirot surgiu depois que uma pequena colônia de
refugiados belgas chamou sua atenção.
Por sugestão de sua mãe, Agatha Christie usou
duas semanas de suas férias, em 1917, para se concentrar em seu primeiro livro
policial – ela já tinha escrito poemas e um romance, mas nada de tanto fôlego
ou no gênero que a distinguiria como The Mysterious Affair At Styles. Ela já
estava na metade do processo quando foi passar uma temporada em Dartmoor, no
Moorland Hotel.
Voltou de lá com a primeira versão quase pronta.
Cortou aqui, revisou ali, colocou o ponto final e contratou um digitador para
preparar os originais. Tudo pronto, e o livro foi mandado para editoras. E
rejeitado por seis. Agatha Christie continuou tentando até que a The Bodley
Head aceitou publicar – não sem antes pedir alguns ajustes na história e em seu
final.
Assim, quatro anos depois de a história começar
a ser imaginada, Agatha Christie finalmente se tornava uma escritora publicada
e Poirot trilhava o caminho que o levaria a ser um dos principais detetives da
literatura mundial. Pouco depois, Agatha Christie já era a Rainha do Crime.
Nascida em Torquay, em 15 de setembro de 1890,
Agatha Christie publicou, então, seu primeiro livro aos 30 anos. No meio século
que se seguiu ao lançamento de O Misterioso Caso de Styles, ela escreveu outros
65 romances policiais e 14 coletâneas de contos, além da peça A Ratoeira (The
Mousetrap). Muitos de seus títulos foram adaptados para o cinema e televisão –
a mais recente adaptação, de A Morte no Nilo, com Gal Gadot e Kenneth Branagh,
deve chegar aos cinemas em dezembro. Uma das maiores best-sellers da história
da literatura, com um bilhão de exemplares vendidos em língua inglesa e outro
bilhão em traduções, segundo dados de seu espólio, Agatha Christie morreu em 12
de janeiro de 1976, aos 85 anos.
Sinopse de O Misterioso Caso de Styles
Quando mr. Hastings encontra seu velho conhecido
John Cavendish casualmente e aceita seu convite para passar uma temporada na
enorme e isolada casa de campo de Styles, não imagina a misteriosa trama que o
espera. Mrs. Emily Inglethorp, madrasta de John e Laurence Cavendish, herdou a
propriedade de seu marido e tem todo o controle sobre patrimônio da família.
Seu segundo marido é Alfred Inglethorp, vinte anos mais novo, cujo passado é
nebuloso, o que causa enorme apreensão nos filhos de mrs. Emily e nos demais
moradores de Styles. A tensão na propriedade chega ao limite quando mrs. Emily
é encontrada trancada em seu quarto nos últimos estertores e morre com o nome
de seu marido nos lábios. Morte natural ou envenenamento? Quem além de seu
marido teria interesse em sua morte? Como ela pode ter sido envenenada? Para
responder a todas essas perguntas, mr. Hastings, velho amigo de Hercule Poirot,
pede autorização à família para chamar o excêntrico detetive belga. O astuto e
simpático detetive analisa as evidências, entrevista testemunhas e o leitor vai
seguindo seus passos a partir da envolvente narração de mr. Hastings. E a ele
fica o desafio: diante de provas desconexas, testemunhos duvidosos e inúmeras
reviravoltas, como o sagaz Poirot irá desvendar esta imbricada trama onde ninguém
é exatamente o que parece? A sinopse é da Globo Livros.
Livros de Agatha Christie no Brasil
No Brasil, O Misterioso Caso de Styles (288
págs.; R$ 44,90; R$ 29,90 o e-book) está no catálogo da Globo Livros desde
2014. A edição traz o final reescrito pela autora, que era inédito aqui, e já
está na quinta reimpressão. A Globo já publicou, ao todo, 12 livros de Agatha
Christie que venderam, juntos, nos últimos cinco anos, cerca de 400 mil
exemplares.
Seus livros também foram publicados pela
L&PM, sobretudo na versão pocket.
E os direitos de publicação da obra em capa
dura, com exceção de O Misterioso Caso de Styles, são da HarperCollins Brasil,
que, desde março, já lançou, com nova tradução e novo projeto gráfico, O
Assassinato no Expresso do Oriente, Punição Para a Inocência, Cavalo Amarelo,
Um Corpo na Biblioteca, Os Quatro Grandes, Um Mistério no Caribe, Morte no Nilo
e Noite Sem Fim. Agora em novembro saem Os Crimes ABC e A Noite das Bruxas em
novembro. O projeto de edição continua no ano que vem, com dois novos volumes
por mês, até completar 80 títulos.