Sete em cada dez paulistanos relatam ter sofrido
perda de renda em meio à pandemia de covid-19, segundo a mais recente
pesquisa Ibope/Estadão/TV Globo. O levantamento revela um cenário
de acirramento da desigualdade social: a população mais pobre e menos
escolarizada foi a mais atingida pela redução de poder aquisitivo.
O Ibope fez a seguinte pergunta aos
entrevistados: “Qual dessas situações melhor representa o impacto da
pandemia do coronavírus e do isolamento social na sua renda familiar nos
últimos seis meses?” A opção “a renda familiar diminuiu muito”
foi escolhida por 38%, e outros 11% relataram ter perdido completamente suas
fontes de recursos. Ou seja, quase metade da população indica que o impacto foi
muito significativo.
Uma parcela de 22% relatou perda pequena de
receitas, e um contingente equivalente afirmou que a renda permaneceu igual.
Apenas 6% da população apontou melhora de sua situação financeira.
A segmentação dos resultados segundo a renda dos
entrevistados mostra que, na metade mais pobre da cidade, com renda de até dois
salários mínimos, nada menos que 80% declararam perdas econômicas. Esse
porcentual cai para 60% entre aqueles com renda superior a dois salários
mínimos.
Há outras evidências de que os mais vulneráveis
da pirâmide social são os que mais sofrem o impacto da pandemia. Entre os
eleitores menos escolarizados, que estudaram até o ensino fundamental, 14%
disseram ter perdido toda a renda familiar. Essa taxa cai para 7% entre os
formados na universidade. A mesma proporção se observa quando a segmentação do
eleitorado é por raça: a taxa dos negros com perda total de renda (14%) é o
dobro da observada entre os brancos (7%).
A terceira pesquisa da série Ibope/Estadão/TV
Globo mostrou ainda que dois terços dos paulistanos discordam do veto
do presidente Jair Bolsonaro à compra de uma vacina chinesa contra a covid-19.
A maioria absoluta dos participantes da pesquisa (54%) disse discordar
totalmente da postura do presidente. Outros 13% afirmaram “discordar em
parte”.
A pesquisa foi realizada entre os dias 28 e 30
de outubro de 2020, com 1.204 eleitores. As entrevistas foram realizadas de
forma presencial – por causa da pandemia de covid-19, a equipe do Ibope usou
equipamentos para proteção da própria saúde e da dos entrevistados. O nível de
confiança utilizado é de 95%. Isso quer dizer que há uma probabilidade de 95%
de os resultados retratarem o atual momento eleitoral, considerada a margem de
erro. O levantamento foi registrado no Tribunal Regional Eleitoral sob o
protocolo SP-01331/2020.