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Dia Nacional da Consciência Negra: a educação como motor de transformação

Foto: Divulgação

A reparação histórica com a população negra no Brasil proposta pelo Dia Nacional da Consciência Negra, criado por meio da Lei nº 12.519 (2011), se encontra cada vez mais em debate. No dia 20 de novembro, considerado um feriado por muitas cidades, o País se debruça sobre uma tragédia que virou uma reivindicação: a morte de Zumbi dos Palmares, assassinado por bandeirantes na mesma data em 1695.

A inclusão de pautas sociais na Constituição de 1988, a Lei de Cotas (12.711/2012) e a lei de preconceito de raça ou cor (nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989) foram alguns dos avanços com relação à população afro-brasileira, mas ainda há um longo caminho pela frente. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 54,9% dos brasileiros são autodeclarados negros ou pardos, ou seja, há uma maioria numérica. No entanto, a taxa de analfabetismo entre essa população é de 9,3%, ao passo que entre brancos é de 4%.

As consequências de uma base educacional desigual não teriam outro resultado, senão uma distinção também de inserção no mercado de trabalho: os rendimentos de pessoas negras equivalem a 57% de pessoas brancas, segundo a Oxfam Brasil. Como se não bastasse, um estudo do Instituto Ethos de 2016 revelou que, das 500 maiores companhias, 80% disseram não ter medidas efetivas de inclusão.

A importância da educação e a conscientização dos agentes do mercado de trabalho são dois componentes cruciais para uma mudança de cenário efetiva. Por isso, instituições de ensino têm um papel fundamental nesse debate. A Camino School, por exemplo, escola localizada na Zona oeste de São Paulo, conta com políticas específicas direcionadas à inclusão, como um Manual da Escola Antirracista (em desenvolvimento), pílulas da diversidade com estudantes, um comitê de diversidade, um sistema próprio de bolsas com foco nesse público, além de professores engajados nesse debate.

A instituição também produz uma série chamada Diálogos, que visa discutir assuntos sensíveis com responsabilidade coletiva e já está na segunda temporada. O primeiro episódio (“Como e por que devemos falar de racismo para uma criança?”) já norteia o público sobre o tom do conteúdo e a série tem apresentação de Josimar Silveira, o Jones, que faz parte do coletivo Família Quilombo (@familiaquilombo), cujas crianças são estudantes da Camino School.

Comitê de diversidade e sistema de bolsas da Camino School

De acordo com Caio Garcez, expansions dean da Camino School, diversidade não é só implementar um programa de bolsas e aumentar o número de estudantes negros e indígenas na escola. “Isso é uma parte importante, mas não é suficiente. É preciso fazer muitas outras coisas, como criar os fóruns corretos para discutir essas questões. Aí entra também um lugar de humildade, de ter consciência que não sabemos tudo”, destaca.

O comitê de diversidade, formado neste ano, surge dessa necessidade. Esse espaço articula famílias, educadores e colaboradores na discussão e construção das propostas. “A ideia é ajudar a pensar como podemos tornar essa pauta viva e o que ainda temos para melhorar. É muito importante ouvir a voz das famílias sobre como elas estão enxergando a escola, como os filhos estão se sentindo. Temos levantado boas discussões”, conta o gestor. “Têm tópicos que a gente traz para eles, têm coisas que eles trazem para o grupo, como sugestões de formações e de textos. Em breve, vamos discutir o edital de bolsas.”

De acordo com Garcez, o objetivo é gradualmente aumentar a proporção de estudantes negros e indígenas na escola. Em 2021, foram 15 bolsistas, mas ainda não há definição de quantos serão em 2022. As bolsas variaram de 75% a 100% e cobrem toda a experiência da criança na escola, o que inclui kit de uniformes, material escolar, acesso a equipamentos (modem com pacote de internet, dispositivos como tablets ou laptops), alimentação, bem como o custeio de passeios e saídas pedagógicas. “É um trabalho para zerar qualquer questão que possa atrapalhar a aprendizagem dessas crianças, o direito de estarem aqui.”

A Camino Education está debruçada sobre esse debate em todas as suas esferas. “Uma instituição, seja ela de qualquer área, deve oferecer condições de equidade. No dia a dia de uma escola, precisamos pensar: como fazemos com que essa criança se sinta pertencente? Não adianta conceder uma bolsa, se o cenário social não a inclui. Um bolsista tem que se sentir representado, isto é, olhar para o professor e pensar que ele parece com seu pai ou mãe. A conexão que se cria entre famílias e escola nesse contexto é uma das ferramentas para evitar evasão escolar”, ressalta Leticia Lyle, cofundadora da Camino Education e diretora da Camino School.

Camino Education — Como um ecossistema educacional que integra educadores, gestores, pais e estudantes, a Camino Education tem a missão de enriquecer a Aprendizagem para milhões de alunos, com a aspiração de transformar aulas tradicionais em experiências de aprendizagem inesquecíveis, de alta qualidade educacional e engajamento significativo dos educadores e dos alunos, por meio da Aprendizagem Ativa. A Cloe, plataforma digital completa de Aprendizagem Ativa desenvolvida pela Camino Education, a Camino School, escola de referência em São Paulo, e o Centro Camino de Aprendizagem Ativa, centro de formação de educadores, compõem esse ecossistema. A Camino Education é a primeira Edtech brasileira a compor a comunidade Global Innovators do World Economic Forum e está entre as 100 Edtechs mais inovadores da América Latina, segundo o ranking 2020 LATAM 100 Edtechs anual.