Guarulhos Hoje

Guarulhos é a 18ª cidade que mais desmatou a Mata Atlântica no estado

Entre os meses de agosto e outubro de 2022 foi registrado o desmatamento de 5,01 hectares (ha) na região em Guarulhos. Em todo o bioma o desmatamento atingiu 6.850 hectares (ha) – é como se, no período, uma área de floresta equivalente a 75 campos de futebol fosse desmatada todos os dias. 

As informações são do novo boletim do SAD (Sistema de Alertas de Desmatamento) Mata Atlântica, consolidado no MapBiomas Alerta. Lançado em fevereiro de 2022, em uma parceria entre a Fundação SOS Mata Atlântica, a Arcplan e o MapBiomas, o sistema tem como papel monitorar e difundir informações sobre o desmatamento no bioma. Os dados foram obtidos  a partir de 1.117 alertas, abrangendo todo o mapa de aplicação da Lei da Mata Atlântica, do qual fazem parte 17 estados brasileiros.

Em São Paulo, o ranking é liderado por Eldorado com 22 ha, seguido por Alto Alegre (17), Embu das Artes (14), Registro (13), São Carlos (12), Tapiratiba (11), Cotia (11), Iporanga (10), São Paulo (10), Bananal (09), Leme (09), Ibiúna (08), Campinas (08), Olímpia (08), Piedade (06), Piracicaba (06) e Franco da Rocha (05).

Só os estados de Minas Gerais e do Piauí somam mais de 43% do total desmatado, respectivamente 1.650 e 1.327 ha. Os três municípios com as maiores áreas derrubadas foram Riacho Frio, no Piauí (652 ha), Cristino Castro, também no Piauí (359 ha), e Lassance, em Minas Gerais (336 ha). Nos três casos, a área equivale a um único grande desmatamento.

Segundo Luís Fernando Guedes Pinto, diretor-executivo da SOS Mata Atlântica, os dados confirmam a alta do desmatamento no bioma, em consonância com outros biomas do Brasil, como a Amazônia, onde tem se observado os maiores valores dos últimos 10 anos. Os grandes desmatamentos em área contínua estão relacionados à expansão agropecuária em grande escala, também indicando falhas na fiscalização e combate ao desmatamento, o que também marcou 2022 em todo o Brasil.  

Desmatamento acumulado em 2022

Os dez primeiros meses de 2022 somam 48.660 ha desmatados. Entre janeiro e outubro, Bahia e Minas Gerais aparecem como as unidades da federação que mais desmataram a Mata Atlântica, respectivamente 15.814 e 14.389 hectares. O Piauí vem em terceiro lugar, com 6.232.

Nos três estados, a grande maioria das derrubadas foi causada pela agricultura: 73,2% na Bahia, 93,4% em Minas Gerais e 64,5% no Piauí. Essa também é a realidade em todo o bioma, onde 86,4% da área foi derrubada com a mesma motivação.

Um diferencial do SAD Mata Atlântica é seu método, capaz de identificar indícios de desmatamento a partir de 0,3 ha, tornando visíveis focos não detectáveis em outros sistemas, como o Atlas da Mata Atlântica, da parceria entre SOS Mata Atlântica e INPE, que monitora áreas acima de 3 ha. “Como estamos pela primeira vez vendo o desmatamento nesse nível de detalhe, não é possível comparar esses resultados a valores anteriores. Estamos criando uma nova linha de base, que será uma referência para um novo padrão de monitoramento com informações essenciais para entender e planejar a conservação e restauração da Mata Atlântica”, explica Guedes Pinto. 

No período, foram registrados um total de 6.378 alertas. Mantendo o padrão de desmatamento observado dos boletins anteriores, os desmatamentos entre 0,3 e  3 ha representam 63% do total de ocorrências identificadas. Entretanto, a maior área desmatada (72%) está concentrada em 846 ocorrências  com mais de 10ha. “Ainda existe espaço para que a fiscalização e a responsabilização tenham um papel fundamental na redução do desmatamento no Bioma”, afirma Marcos Rosa, coordenador técnico do MapBiomas. “O desestímulo aos pequenos desmatamentos virá quando o proprietário perceber que, agora que os dados são rapidamente identificados e divulgados, deixarão de ser vantajosos, pois implicarão na restrição ao crédito rural e na dificuldade em vender a produção para grandes empresas, que atuam cada vez mais em uma cadeia de fornecedores livres de desmatamento”, complementa.

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