Nesta quinta-feira (4), a Subsecretaria da Igualdade Racial e o Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional (Comsan) promoveram a roda de conversa “Insegurança Alimentar, Gênero e Raça: quem sente mais fome no Brasil?” no auditório do Adamastor, com um grupo de mulheres formado por servidoras de várias pastas, indígenas em contexto urbano das etnias Pankararu e representantes do Instituto Cemear, que atua com 350 pessoas em situação de vulnerabilidade social que trabalham na zeladoria do município e membros do Comsan.
A atividade foi conduzida pelas sociólogas Silvana Benevenuto e Elisa Castro e pela assistente social Greice de Oliveira, presidente do Conselho Municipal da Promoção da Igualdade Racial (Compir), a partir de reflexões sobre a leitura de trechos dos livros “Quarto de despejo”, de Carolina Maria de Jesus, “A terra dá, a terra quer”, de Antonio Bispo dos Santos.
De acordo com Silvana, a partir da literatura, a ideia é reconhecer os saberes e a dificuldade das pessoas em vulnerabilidade como migrantes, indígenas e negros, no acesso ao alimento e às suas tradições alimentares. É falar de segurança alimentar, tradições dos povos e como a fome se apresenta nas comunidades e nos atendimentos sociais de instituições.
Na sua obra, Carolina Maria de Jesus narra a vida que teve na favela do Canindé, a primeira favela de São Paulo, segundo Greice. Ela descreve a fome num momento em que se escrevia para a elite e não para os favelados. Dentro da precariedade vivida, a autora mostra que as mães abrem mão da própria comida para garantir a alimentação do filho.
Abordar insegurança alimentar para a historiadora e representante do Movimento de Mulheres Indígenas em Contexto Urbano, Day Poyanáwá, é muito mais do que falar sobre alimento e comida. É refletir sobre cultura e quem são os indígenas. A fome não é apenas uma questão social, mas de gênero e raça. As mulheres indígenas passam pelo nutricídio, porque cabem a elas a colheita, o preparo da semente, o plantio, a relação com a terra e o preparo da comida. Elas detêm o poder da terra.
Guarulhos possui 120 mulheres cadastradas no Movimento de Mulheres Indígenas em Contexto Urbano, as quais vivem espalhadas por diversos bairros guarulhenses como Cidade Soberana, Jardim Lenize, Jardim Fortaleza, Jardim Presidente Dutra, Conjunto Marcos Freire, Pimentas, Jardim Tupinambá, Vila Any, Parque Alvorada e Centro
A roda de conversa integrou a programação da Semana de Direitos Humanos 2025 “Mulheres e Direitos Humanos: Equidade, Justiça e Transformação Social” realizada pela Secretaria de Direitos Humanos, que prossegue até esta quarta-feira (10). As atividades podem ser consultadas no link da 5ª Semana de Direitos Humanos no Portal da Secretaria de Direitos Humanos.
