Falta de acesso à internet impacta na mobilidade

Foto: Angelica Reyes no Unsplash

Segundo o Datafolha, a Classe C mostrou grande adesão à tecnologia causando mudanças no setor de transporte e mobilidade urbana na tentativa de fugir de aglomerações. De acordo com a pesquisa “Hábitos de Uso de Aplicativos de Transporte” – encomendada pela 99 -, 40% dos brasileiros da Classe C aumentaram o uso de carros por apps no período de isolamento social e 31% dizem ter começado a utilizar o serviço em 2020, ou seja durante a pandemia.

Apesar do aumento expressivo impulsionado pelas diretrizes de isolamento social, a mesma pesquisa ainda indicou desigualdade no uso de tecnologia. Isso porque, um em cada quatro brasileiros da Classe C não tem aplicativos de transporte instalados no celular e 63% desses, nunca instalaram, sendo que 22% desses afirmam que o principal motivo para não ter algum app de mobilidade instalado são dificuldades tecnológicas; 17% afirmam que a internet lenta dificulta a instalação; 14% demora na instalação; e 12% têm dificuldades para adicionar os dados pessoais.

A desigualdade nas conexões de internet na cidade de São Paulo, por exemplo, dificulta a chegada de serviços oferecidos por meio da tecnologia às periferias da maior cidade do Brasil. Segundo estudo da consultoria Teleco , a diferença de conexão entre regiões periféricas e regiões centrais da capital paulista ainda é gigantesca. Enquanto o ideal é que cada torre de conexão seja dividida por até mil habitantes, no distrito de Iguatemi, na Zona Leste, a quantidade de moradores usando uma mesma estação é quase 11 vezes acima do ideal. Os dez piores distritos são: Grajaú, Sapopemba, Parque Do Carmo, Brasilândia, Lajeado, Jardim Helena, Vila Jacuí, José Bonifácio, Cidade Tiradentes e Iguatemi.

Na busca por ferramentas para superar as barreiras, as soluções inovadoras surgem como aliadas para a democratização do acesso às cidades. A 99, por exemplo, lançou em 2020 uma solução integrada ao WhatsApp que permite solicitar uma corrida via aplicativo de mensagens instantâneas com a mesma praticidade e segurança. Já presente em 16 cidades do país, o 99 WhatsApp é mais uma opção para reduzir as barreiras de acesso. Segundo pesquisa do Mobile Time, o WhatsApp está instalado em 99% dos smartphones brasileiros, fazendo com que essa integração com o app de mensagens democratize ainda mais o acesso aos serviços tecnológicos, principalmente, para quem mora fora das regiões centrais.

“A tecnologia vem adentrando todas as esferas da vida das pessoas em sociedade. Assim como outros fenômenos, apresenta pontos negativos e positivos”, afirma Glaucia Pereira, fundadora da Multiplicidade Mobilidade Urbana (MMU). O instituto é dedicado em aprofundar os conhecimentos sobre o tema. Para isso, as pesquisas são feitas a partir de discussões metodológicas, cálculos de amostra, análise de dados quantitativos e documentos técnicos de referência.

Números

O acesso às inovações é um dos pontos primordiais para que ocorra a democratização. Segundo a pesquisa TIC Domicílios 2020, realizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), 83% das casas brasileiras possuem acesso à internet. O resultado significa 12 pontos percentuais a mais que em 2019. Só para ter uma ideia, em 2014 esse número era de apenas 50%.

E as diferenças são ainda maiores quando comparamos por regiões. A Região Sudeste possui o maior número de domicílios com internet: 86%. Na sequência estão as Regiões Sul, com 84%, Centro-Oeste e Norte, ambas com 81%. Por sua vez, o Nordeste aparece com 79%. É lá, porém, onde ocorreu o maior aumento de pontos percentuais no período do estudo: 14.

Ainda de acordo com o levantamento, a banda larga fixa é a maior provedora do serviço, com 69% de presença nos lares, oito pontos percentuais a mais que em 2019. No entanto, o número de computadores nos lares ainda é baixo: 45%, um aumento de seis pontos em relação ao ano anterior.

Glaucia Pereira explica que existem muitos atores envolvidos para facilitar o transporte. Para ela, além de facilitar o acesso aos ônibus para parte dos moradores da periferia, é preciso ainda garantir a liberdade de escolha. “É função das políticas públicas em mobilidade urbana oferecerem transporte público de qualidade em todos os lugares, todos os dias e em todos os horários, com a tarifa barateada ao máximo, se possível zero. Além disso, o que pode contribuir na redução das desigualdades na mobilidade é que todas as pessoas tenham acesso efetivo e possam pagar por sua locomoção nas cidades”, destaca.

Por fim, Glaucia Pereira acredita que quanto maior a disponibilidade, mais garantias as pessoas têm para decidir. “Logicamente, podem e devem existir o máximo de possibilidades para que a população se desloque. No entanto, isso não exime o poder público do ônus de criar e colocar em prática políticas públicas que ofereçam um transporte de qualidade às pessoas”, finaliza.

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