Educação de crianças para uma sociedade igualitária é tema de conversa nas Casas da Mulher Guarulhense

Umaitá Pires/PMG


Um público de 49 mulheres participou nesta terça-feira (9) da roda de conversa “Educar meninas e meninos para uma sociedade mais justa e igualitária” na Casa da Mulher Guarulhense II – Pimentas. A iniciativa da Subsecretaria der Políticas para as Mulheres foi realizada também nos equipamentos da Vila Galvão e do Haroldo Veloso, e integrou a programação da Semana de Direitos Humanos 2025, a qual teve como tema principal “Mulheres e Direitos Humanos: Equidade, Justiça e Transformação Social”.

O encontro foi conduzido pelas psicólogas escolares da rede municipal de ensino Lucília Ribeiro de Souza e Elisabete Capeloa Dom Pedro que, através de uma dinâmica com brinquedos, introduziram o tema às participantes.

Algumas mulheres relataram que quando meninas não tiveram muito tempo disponível para brincar, pois tinham que ajudar no trabalho doméstico ou na roça, sendo que as regras em casa eram diferentes para meninos e meninas, oferecendo a eles mais tempo disponível para brincadeiras na rua.

De acordo com Lucília, a maioria das pessoas não percebe essa diferença e encara isso como uma naturalização de comportamentos, que acabam sendo reproduzidos com os filhos e netos no brincar, impactando na vida adulta. A noção de que meninas devem ajudar mais nos afazeres domésticos é geradora de desigualdades de gênero desde os primeiros anos da infância.

Na distribuição de tarefas domésticas, as meninas sofrem maior impacto que os meninos: arrumar a cama é dever de 81,4% das meninas, enquanto apenas 11,6% dos meninos também fazem isso. Já lavar a louça recai para 76,8% das meninas e apenas para 12,5% dos meninos. Isto demonstra que as crianças são ainda educadas de formas diferentes, sendo essencial, segundo Lucila, incentivar a cooperação de meninos nos afazeres de casa e dar oportunidades para que as crianças vivenciem outras experiências através de brinquedos.

A educação que meninos recebem em casa, de certa forma, contribui para a agressividade, segundo Elisabete. Dados mostram que a maioria dos casos de violência e de homicídios recaem sobre homens. No período de 2013 a 2023, entre os jovens, os homens foram as principais vítimas de homicídio em 94% dos casos. Em relação a acidentes de trânsito no estado de São Paulo em 2022, dos 3.361 condutores que morreram, 92,7% eram do sexo masculino e apenas 7,3% eram mulheres. Outro dado impressionante é que nos últimos onze anos, 47.463 mulheres foram assassinadas no Brasil e somente em 2023, 3.903 mulheres foram vítimas de homicídio.

A roda de conversa abordou ainda tópicos como a luta histórica das mulheres por direitos iguais (conquistas do voto feminino, direito ao cartão de crédito e empréstimos, direito de dirigir carro, entre outras) e a participação de mulheres no mercado de trabalho, que, embora tenha aumentado, ainda persiste a desigualdade salarial.

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