Justiça manda retirar centenas de famílias da Vila Operária a partir do dia 6 de julho

- PUBLICIDADE -

Reportagem: Wellington Alves

O juiz Artur Pessôa de Melo Morais, da 8ª Vara Cível de Guarulhos, determinou a reintegração de várias ruas na Vila Operária, nas proximidades da torre de energia. A decisão judicial pegou centenas de moradores de surpresa, já que eles não foram notificados oficialmente pela Justiça e a maioria não tem para onde ir.

Outras áreas da Vila Operária tiveram a reintegração de posse evitada pela intermediação da Prefeitura de Guarulhos entre moradores e proprietários. Sobre a região da torre de energia, porém, a administração municipal comunicou apenas que não foi notificada da decisão judicial.

A ordem de arrombamento e reforço policial foi emitida em 5 de junho, com prazo de cumprimento após 30 dias. Ou seja, a partir de 6 de julho os moradores estão passíveis de serem despejados e suas casas destruídas. Entre as ruas atingidas estão a Renascer, Vicente de Paula Pinto, 11 de Novembro, Bela Vista, Goiás, Boa Vista e Torre.

A ação de despejo foi assinada pela Imobiliária e Comercial Pirucaia Ltda. A reportagem ligou para a empresa, que fica no mesmo local da Imobiliária Continental, envolvida em diversos outros casos de reintegração de posse. Questionada se é possível um acordo com os moradores, a Pirucaia não se manifestou até a conclusão desta edição.

Moradores relatam dramas e incertezas

Edson de Andrade, 59 anos, vive na Vila Operária há 15 anos. Com dificuldade de conseguir emprego, montou um bar há cinco anos no bairro. Ele mora com a filha, o genro e três netos. No mesmo quintal, tem outro filho e uma neta. Investiu R$ 67 mil na compra de um terreno e na construção da casa. “Não sabia que não tinha documentação quando comprei. Se sair daqui não sei para onde vou”, afirma.

A situação de Andrade é compartilhada por centenas de famílias na Vila Operária. A vendedora Rosilene Souza, 42, comprou a casa de um suposto advogado e se diz indignada pela falta de apoio da Prefeitura. “Estamos largados.”

A cabeleireira Adriana Almeida, 34, descobriu a ordem de despejo no site do Tribunal de Justiça, na segunda-feira. “Imprimi e passei para os vizinhos. Aqui tem crianças, cadeirantes, idosos. Não dá para sair do nada e sem ter para onde ir”, alega.

No próximo domingo, às 11h, os moradores afetados irão se reunir com um advogado, em um sítio da região, para definir estratégias no intuito de evitar a reintegração de posse.

Foto: Ivanildo Porto

- PUBLICIDADE -