Guarulhos registra tráfico de pessoas na região do Pimentas durante 2019


Reportagem: Ulisses Carvalho

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A cidade de Guarulhos, que seria o Aeroporto Internacional de São Paulo, principal porta de entrada e saída do país, voltou a entrar nas estatísticas do tráfico de pessoas no ano passado. Dados da prefeitura mostram que um caso foi registrado na região do Pimentas. Já a Secretaria da Justiça e Cidadania do Estado de São Paulo informou que, nas 12 operações realizadas da força-tarefa contra o tráfico, foram atendidos dois casos, também no Pimentas, em 2019.

De acordo com a prefeitura, a ocorrência foi identificada pela Rede de Apoio dos Serviços Municipais que, após orientações, seguiu-se o apoio à vítima, que tratava-se de uma pessoa adulta, migrante e captada através de recrutamento em outro país. Neste caso específico, além do tráfico, a pessoa realizava trabalho escravo em uma confecção.

Sobre as ações para coibir este tipo de prática, a prefeitura alegou que inicialmente, o objetivo é mobilizar a população e os serviços, além da necessidade de ficar atento ao que acontece no território, orientando que existe retaguarda para apoio aos serviços e de segurança a suposta vítima.

Segundo o último Relatório Global sobre Tráfico de Pessoas do escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), das vítimas de tráfico de pessoas, 49% são mulheres, sendo 23% meninas, além de 21% que são homens, sendo 7% meninos.

“Portanto, crianças correspondem a 30% das vítimas de tráfico. A principal finalidade do tráfico de pessoas é para fins de exploração sexual (59%), seguido pela finalidade de exploração laboral, principalmente em condições análogas à de escravo”, destacou a Secretaria da Justiça e Cidadania do Estado de São Paulo.

Segundo relatório, em 2019, o Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (NETP), recebeu 38 denúncias no estado com materialidade de informação, envolvendo um total de 103 possíveis vítimas. “A maior parte dos casos envolve Guarulhos de alguma forma por ser o município onde está o Aeroporto Internacional. A prefeitura de Guarulhos arca com o ônus de questões ocorridas no Aeroporto, principalmente relativas à Assistência Social”.

‘Poucos processos chegam à prisão do aliciador’, diz a presidente da Asbrad

Em entrevista ao HOJE, a advogada, assistente social e presidente da Associação Brasileira de Defesa da Mulher da Infância e da Juventude (Asbrad), Dalila Eugênia Maranhão Dias Figueiredo, revelou que grande parte dos casos termina sem punição. “É muito difícil, tem a questão de provas, e você tem poucos processos que chegam à punição do aliciador, devido a essas pessoas mudar constantemente de endereço”, revelou.

Dalila alegou que a maior parte dos casos de tráfico, as pessoas são recrutadas através de uma oferta de emprego, geralmente em confecção, que acaba resultando em violência moral e física. “É um crime que viola a dignidade da pessoa, além da dificuldade de identificar a vítima”, destacou.

Em Guarulhos, além da Asbrad, localizada na rua Vera, n° 60, no bairro do Jardim Santa Mena, as pessoas também podem procurar o Posto Avançado de Atendimento Humanizado ao Migrante, localizado no Terminal 1, Asa A- mezanino, além da opção por telefone também, através dos canais de denúncia: 180 e 100.

Sobre um caso específico de tráfico, Dalila afirmou que houve uma ocorrência em Guarulhos de uma mulher que não era alfabetizada e que recebeu uma proposta do namorado para trabalhar na Europa. O homem pertencia a uma família de criminosos, segundo a presidente, a mulher viajou grávida, porém, conseguiu retornar ao país através da ajuda de um padre, onde recebeu abrigo.

Vítimas do Tráfico de Pessoas:
49% são mulheres- sendo 23% meninas
21% são homens- sendo 21% meninos
30% das vítimas de tráfico são crianças
Qual a principal finalidade do tráfico de pessoas?
Exploração Sexual- 59% das ocorrências, seguido pela finalidade de exploração laboral, principalmente em condições análogas à de escravo.
Fonte: Relatório Global sobre Tráfico de Pessoas do escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC).
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