Há um ano, Isa Penna já relatava assédio na Alesp


Formada em direito e filha de fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT), Isa Penna (PSOL) foi da militância feminista para o cargo de deputada estadual na Assembleia Legislativa de São Paulo em 2018. Antes de ter sido alvo de assédio por parte do deputado Fernando Cury (Cidadania) na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), que se aproximou e colocou a mão nos seus seios no Plenário, Isa Penna, de 29 anos, já foi chamada de “vagabunda”, “vadia” e de “terrorista” enquanto era vereadora em São Paulo. Ela contou mais sobre os casos em participação na minissérie de podcasts do Estadão Política Sub30, publicada em dezembro de 2019.

“É uma luta diária lidar com pessoas que são muito poderosas, é um assédio muito grande, em especial com essa nova bancada da extrema direita. Vários deles acham que eu estou lá porque eu dormi com alguém, e não por uma luta, por uma trajetória”, afirmou, dizendo que a maior parte dos embates ocorrem fora dos microfones e, portanto, não têm registro.

Isa Penna diz que o momento atual pede mais mulheres na política e uma plataforma que priorize as mulheres e a juventude. “A gente tem muito a ideia de que quem faz política é aquele homem mais velho, branco, heterossexual. E a gente vem de um outro lugar. A nossa presença se destaca muito porque eu sou jovem, porque sou mulher”.

Amante de poesia, Isa já declamou no Plenário, em 2019, “Sou puta, sou mulher”, de Helena Ferreira, que trata, entre outras coisas, da figura feminina diante de uma sociedade na qual o patriarcado é predominante. E foi duramente criticada. Além de ter a fala interrompida por diversas vezes, teve um pedido de cassação de mandato por quebra de decoro parlamentar.

O caso

A deputada registrou um boletim de ocorrência na quinta-feira (17) contra Fernando Cury por assédio sexual durante sessão plenária da noite de quarta-feira. O vídeo do caso foi transmitido ao vivo pelo canal Alesp no YouTube.

Nele, a parlamentar aparece conversando com o presidente da Casa, Cauê Macris (PSDB), quando Cury se aproxima e se posiciona atrás da deputada, colocando a mão na lateral de seus seios. Em seguida, Isa empurra o deputado para afastá-lo de seu corpo.

“Ontem, aqui nessa Casa, na frente da sua Mesa, eu fui assediada Eu fui apalpada na lateral do meu corpo pelo deputado Fernando Cury, do partido Cidadania”, relatou Isa em sessão no dia seguinte. “Não é um caso isolado. A gente vê a violência política e institucional a todo momento contra as mulheres. O que dá o direito a alguém de encostar em uma parte do meu corpo íntima?”, discursou.

O deputado Fernando Cury disse que está “muito constrangido” e “triste” pelo “julgamento feito” no plenário. “Gostaria de frisar que não houve, de forma alguma, tentativa de assédio, de importunação sexual ou qualquer outra coisa”, disse ele. O deputado se desculpou pelo que chamou de “abraço” e disse que faz isso “com diversas colegas” da Casa.

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