‘Vamos colocar em prática o município que tanto sonhamos’

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Prestes a iniciar o seu segundo mandato à frente da Prefeitura de Guarulhos, Gustavo Henric Costa, o Guti (PSD), acredita que a cidade chega aos 460 anos com muitos motivos para comemorar, após anos de estagnação nas mais variadas áreas. Assumindo a prefeitura e uma dívida superior a R$ 7,4 bilhões em 2017, o prefeito salientou os esforços da administração municipal em diminuir os débitos ao mesmo tempo em que investimentos foram feitos e novos projetos colocados em prática, atendendo aos anseios da população.

Confira abaixo os principais pontos da entrevista que Guti concedeu ao HOJE. O bate papo na íntegra pode ser conferido no site do jornal (www.guarulhoshoje.com.br).

HOJE: Quais serão suas primeiras medidas para este segundo mandato?

Prefeito Guti – Seguiremos com os trabalhos que já iniciamos e também daremos ênfase a novas ideias e planejamentos. Não foi fácil colocar a casa em ordem, mas já avançamos muito. Utilizamos os dois primeiros anos para organizar a estrutura do município e resgatar a credibilidade da cidade, que não tinha condições nem de receber recursos estaduais ou federais por ter o nome sujo, além de trabalhar muito para acabar com a falta de água, um problema que se arrastava há décadas e nunca foi tratado como prioridade pelos governos passados. Agora, depois que concluímos as obras paradas, vamos iniciar um novo ciclo. Com a dívida reduzida em mais de 60%, temos condições de avançar ainda mais em áreas como saúde, prioritariamente, e também mobilidade urbana, dando grande atenção ao sistema viário e ao transporte público. 

No que diz respeito à dívida da cidade, qual o valor atual e quanto foi equacionado nesses quatro anos?

Assumimos a Prefeitura com R$ 7,4 bilhões em dívidas. Dentro deste período conseguimos, mesmo em meio a tantos obstáculos e também à pandemia do novo coronavírus, sanar cerca de 60% desse valor, o que nos permite realizar novos investimentos a partir de agora. E tudo isso com o IPTU congelado. Vale lembrar que nós também resgatamos a Certidão Negativa de Débitos (CND) do município, o que nos permite receber novos empréstimos que visam a ativar a economia, mediante obras e novos investimentos.

Com essa redução será possível um investimento maior em quais áreas?

Guarulhos terá condições de progredir muito mais no que tange à saúde pública e à mobilidade urbana, por exemplo, com ênfase no sistema viário e no transporte público. Também temos condições de buscar novos financiamentos voltados a obras de infraestrutura, o que ajudará a fomentar a economia local.

Nesses anos a prioridade foi entregar as obras que estavam paradas. Há ainda alguma a ser entregue? Além disso, quais obras o senhor pretende iniciar?

Além do Trevo de Bonsucesso, cujas obras foram reiniciadas e devem ser finalizadas até janeiro, estamos trabalhando em novos projetos viários, já que até aqui focamos nosso governo em colocar a casa em ordem, pagar as dívidas e garantir a retomada dos investimentos. Temos várias obras já definidas, como a construção dos corredores das avenidas Papa João Paulo I e Monteiro Lobato, que estão em fase de definição de projeto executivo. Haverá, inclusive, um terceiro viaduto na Monteiro Lobato, sobre a rodovia Hélio Smidt, para garantir maior fluidez na região. No segundo semestre do próximo ano também vamos entregar as alças de acesso da Dutra à Jacu-Pêssego, obra que permitirá um novo retorno para São Paulo, além de facilitar o acesso a importantes bairros da região como Jardim Presidente Dutra e Inocoop, desafogando o Trevo de Bonsucesso. O Programa de Macrodrenagem e Controle de Inundações do Rio Baquirivu-Guaçu, cujo empréstimo de US$ 96 milhões já foi aprovado junto ao CAF (Banco Andino de Fomento), inclui também algumas importantes obras viárias, como a recuperação de toda a avenida Natália Zarif e a construção de um novo corredor de ônibus na Jamil João Zarif, que garantirá a ligação entre o Parque Cecap e o Jardim São João, passando pelo Taboão. Há, ainda, a ligação da avenida Otávio Braga de Mesquita até a avenida Tancredo Neves, a partir da avenida Monteiro Lobato. Estamos realizando estudos também para a construção de novas passagens sob a Dutra, a fim de facilitar acessos entre bairros que são divididos pela rodovia. Além disso, estudaremos a criação de uma ampla modernização do sistema viário do município, o que deve influenciar diretamente na melhora do sistema logístico de toda Guarulhos. Também vamos construir o novo Hospital da Criança (HC Gru) por meio de uma PPP que já está em andamento, via governo federal. Várias etapas já foram contempladas e em 2021 devemos definir como será realizada a obra. Também com o auxílio do governo federal, com quem já iniciamos diálogos, deveremos concluir os dois andares inacabados do Hospital Pimentas-Bonsucesso, além de concluir o Hospital da Mulher e pavimentar todas as ruas de terra catalogadas no município.

Qual ação o senhor considera mais significativa durante os quatro primeiros anos de sua gestão?

Há muitas ações a serem consideradas. Conseguimos acabar com o rodízio de água; avançamos muito no tratamento de esgoto; congelamos o IPTU durante todo o mandato e seguiremos com o mesmo valor até 2024; ampliamos os pontos de iluminação da cidade e as manutenções; entre outras melhorias. No entanto, acredito que minha ação mais significativa foi ter trabalhado com transparência, fazendo o máximo de esforço possível para que a informação estivesse sempre acessível a todos, efetivando uma administração próxima do cidadão por meio da troca de ideias e muito diálogo.

O coronavírus mudou a realidade do mundo, incluindo Guarulhos. Como o senhor avalia as medidas adotadas pela Prefeitura no combate à doença?

A pandemia de covid-19 prejudicou todo o mundo e ainda sentiremos seus reflexos nos próximos anos. Somente quem estava à frente de cargos com a necessidade de tomar decisões rápidas sabe que um prefeito precisava ter coragem para enfrentar um problema sem precedentes. Em Guarulhos, graças ao empenho de nossas equipes, agimos com assertividade, criando condições para que não tivesse um paciente sequer sem atendimento médico. Ninguém morreu na fila. Era o momento de priorizar a vida. Apesar de ainda não ter um atendimento médico público satisfatório, assim como ocorre na maioria dos municípios brasileiros, a cidade soube enfrentar o obstáculo. Tivemos que aumentar, de forma muito rápida o número de leitos de UTI, tanto com a abertura de um hospital de campanha modelo no país como através da locação de leitos privados. Os problemas na economia foram enfrentados desde o início da pandemia, com medidas que buscaram resguardar as atividades econômicas, criando condições, dentro das limitações do município, para garantir renda às famílias mais necessitadas.

A construção do hospital de campanha foi uma importante decisão tomada.

Quando a pandemia chegou, não havia receita de como proceder. Tínhamos que agir rápido. Era necessário viabilizar um equipamento que comportasse a demanda em um curto espaço de tempo. Baseados nas experiências de outros países atingidos pela pandemia, optamos pelo hospital de campanha para garantir a distância social das pessoas infectadas com as demais. Em uma semana abrimos o Centro de Combate ao Coronavírus de Guarulhos (3C-Gru) de maneira bastante assertiva. Nenhum paciente morreu na fila de espera, como chegou a ocorrer em países desenvolvidos, como a Itália, e até mesmo em outras cidades brasileiras. Em cinco meses de funcionamento foram feitos mais de 40 mil atendimentos médicos, cerca de 90 mil exames e 828 internações.

Quanto à vacina, o senhor destinou uma verba no orçamento de 2021 para a aquisição das doses para o município.

Hoje estamos acompanhando a organização da parte do governo federal, que irá desenvolver os programas de vacinação em massa, além do Governo do Estado, que já anunciou que pretende vacinar todos os paulistas a partir de janeiro. Precisamos seguir as orientações. Mesmo assim, deixamos contingenciados cerca de R$ 10 milhões de nosso orçamento da saúde para a possível aquisição de doses da vacina pela Prefeitura, caso haja a possibilidade de os municípios realizarem esse tipo de compra ou se o município não for incluído nos programas da União ou Estado. 

A saúde é sempre uma área bastante cobrada pela população. Quais são os projetos a serem implantados nos próximos anos?

Com muito afinco, estamos empenhando todos os esforços necessários para mudar o cenário sucateado em que a saúde foi encontrada, a fim de otimizar o atendimento prestado em nossas unidades e assegurar a qualidade de vida. Sabemos que estamos longe da perspectiva ideal, mas já avançamos muito e permaneceremos buscando sempre o melhor para Guarulhos.

Veja as propostas para os próximos anos:

  • Ajustar e reorganizar as instalações de Unidades Básicas de Saúde (UBS) para atender critérios de acessibilidade e maximizar a capacidade de atendimento;
  • Ampliar as UBS (tradicionais) mistas, atendendo o PSF (Programa de Saúde da Família), fortalecendo ainda mais o atendimento primário;
  • Reestruturar as ações administrativas, fortalecendo o potencial de atendimento básico das UBS;
  • Aumentar a cobertura do atendimento básico de saúde;
  • Modernizar, tecnologicamente, toda a área da saúde;
  • Construir o novo HC Gru (Hospital da Criança de Guarulhos) com recursos da iniciativa privada, a partir do Programa de Parcerias e Investimentos do governo federal;
  • Concluir obras para colocar em funcionamento dois andares que nunca foram ocupados no Hospital Municipal Pimentas-Bonsucesso;
  • Viabilizar a conclusão das obras e iniciar o funcionamento do Hospital da Mulher, tornando-o referência no atendimento médico hospitalar.

Quais serão as medidas adotadas pela Prefeitura para recuperar a cidade economicamente?

Para o próximo ano vamos criar um crédito (empréstimo) de 4 mil reais para os MEIs se recuperarem. Por exemplo, aquela pessoa que vende coxinha, doce, vai ter o crédito para comprar os insumos. Será sem juros e o munícipe terá 20 meses para devolver. Se pagar certinho até a penúltima parcela, a última será por conta da Prefeitura. Também seguimos com nossa política de incentivos fiscais para empresas que realizam investimentos na cidade como forma de atrair novos negócios ou mesmo impedir a saída delas da cidade, como ocorreu no passado recente.

A educação também foi uma área que precisou se reinventar com a pandemia. Como está o planejamento para o ano letivo de 2021?

Desde a suspensão das aulas presenciais nas escolas da Prefeitura de Guarulhos por conta da pandemia do novo coronavírus, a Secretaria de Educação busca atender às necessidades deste período atípico sem perder de vista a trajetória, o compromisso e a valorização da história guarulhense no que se refere à educação na rede municipal de ensino. Com o objetivo de favorecer o processo educativo dos alunos da rede municipal e contribuir para sua aprendizagem e desenvolvimento até que o retorno presencial às escolas seja possível, foi criado o Programa Saberes em Casa, com atividades pedagógicas disponibilizadas por meios de comunicação e de acesso remoto variado. Para 2021, o Programa Saberes em Casa será uma política pública, tornando-se uma ação permanente da Secretaria de Educação, formulado de acordo com as solicitações feitas pelo Grupo de Trabalho, que está construindo propostas para o Plano de Ações do Departamento de Orientações Educacionais e Pedagógicas referente ao atendimento dos alunos para o ano que vem. Além disso, a pasta conta com muitas novidades para o próximo ano. As unidades escolares serão readequadas seguindo todos os protocolos de segurança para a retomada das atividades escolares presenciais, prevista para janeiro.

O mundo vive uma segunda onda da pandemia. Caso Guarulhos seja também novamente afetada, qual o planejamento da Prefeitura?

Por conta de uma determinação judicial, Guarulhos é obrigada a seguir as diretrizes estabelecidas no Plano São Paulo, do governo estadual, no que diz respeito às atividades econômicas durante a pandemia. Sendo assim, tudo depende da classificação da cidade pelo Governo do Estado de São Paulo. No que tange à saúde, a cidade continuará atenta às taxas de ocupação de leitos de UTI e de enfermaria, bem como aos índices de óbitos na cidade para que, assim como na primeira onda da covid-19, caso ocorra um aumento de casos confirmados da doença, os munícipes não fiquem desassistidos.

Em nosso Plano de Governo temos as seguintes propostas em relação à cidade pós-pandemia:

  • Implementar duas novas unidades do Restaurante Popular em regiões ainda não atendidas;
  • Planejar atividades pedagógicas que favoreçam o retorno dos alunos à sala de aula;
  • Ampliar as ações para manutenção do processo educativo em resposta aos desafios trazidos pela Covid-19, mantendo o caráter humanista de nossa Proposta Curricular em face das imposições colocadas pela suspensão das atividades presenciais, garantindo a oferta de uma proposta de ensino que alcance todos os estudantes e contribua para o desenvolvimento integral de todos;
  • Implementar novas ferramentas tecnológicas para a garantia dos processos de ensino e aprendizagem na necessidade de implantação de ensino híbrido;
  • Implantar o Coworking da Prefeitura, com atendimento e formação para desenvolver trabalhos compartilhados;
  • Ampliar o atendimento da Casa do Empreendedor, espaço voltado ao atendimento do setor produtivo, principalmente os micros e pequenos empreendedores;
  • Apoiar os Microempreendedores Individuais (MEIs) com capacitação para abordagem do mercado, possibilitando sua continuidade;
  • Desenvolver atividades para promover programas de incentivos e formação para jovens como estratégia de ocupação no contraturno das escolas;
  • Desenvolver atividades e ações para facilitar a reinserção das pessoas com mais de 60 anos no mercado de trabalho;
  • Criar fóruns com a sociedade para discutir novos modelos de formação e geração de renda;
  • Criar instrumentos para a dinamização das centralidades de bairros e comércios de rua, desenvolvendo estratégias geradoras de emprego, trabalho e renda em territórios prioritários na cidade;
  • Incentivar a contratação das cooperativas de catadores.

Também estamos observando um crescimento populacional, principalmente com a chegada de pessoas de outros locais que encontram em Guarulhos uma cidade para recomeçar. Quais são os planos para a habitação?

Nunca houve regularização fundiária em Guarulhos em outros mandatos. O partido que governava antes da gestão Guti fornecia um papel de posse ao morador, mas a posse é frágil, não é um documento seu; você pode perder sua casa a qualquer momento com esse documento. Nós começamos a fazer a regularização de verdade, a transmissão de posse. Fizemos quase 3 mil regularizações fundiárias na cidade. Demora bastante porque depende de cartório, mas várias estão engatilhadas e nosso plano é entregar mais 30 mil nos próximos quatro anos. Está tudo planejado. Recentemente conseguimos um gigantesco avanço, pelo qual estávamos batalhando por muito tempo: recebemos um empréstimo para o Programa de Macrodrenagem e Controle de Inundações do Rio Baquirivu. Nele, haverá a implantação do loteamento Ponte Alta II numa área de 230 mil m² com 345 lotes residenciais, além de prédios com 378 apartamentos. Eles serão para as pessoas que vivem às margens do rio.

Em nosso Plano de Governo pretendemos:

  • Ampliar o programa de urbanização e regularização de sub-habitações e loteamentos irregulares, garantindo a permanência das famílias na própria região onde estão inseridas, sempre que possível;
  • Priorizar o acesso da população com renda de até 5 (cinco) salários mínimos aos Programas Habitacionais de Interesse Social;
  • Expandir o programa de regularização fundiária.

Qual o balanço que o senhor faz desse primeiro mandato?

Quando assumi Guarulhos estava devastada economicamente e com graves problemas de infraestrutura. Não era uma cidade bem tratada pelos antigos gestores e eu queria poder fazer mais pela população a fim de proporcionar tratamentos e atendimentos mais dignos em todos os sentidos. Com muito esforço, trabalho duro e estudos críticos demos início a sua reconstrução. Nossa prioridade foi trazer infraestrutura para uma cidade que não tinha a mínima. Não tinha pavimentação; fizemos 250 vias. Não tinha iluminação; resolvemos. Não tinha água; conseguimos universalizar o abastecimento. Não tratava esgoto; estamos avançando. Não regularizava áreas para receberem serviços; estamos trabalhando nisso. Mesmo em meio a esse cenário os moradores ainda tinham que arcar com os aumentos abusivos do IPTU, então congelamos o valor e seguirá assim até 2024. Além disso, avançamos na educação, na segurança, nos programas sociais e vamos fazer ainda mais. Deus permitiu que eu vencesse a eleição para fazer o certo, não para trabalhar para a próxima eleição, e sim para a próxima geração. Vou continuar o nosso trabalho. Estamos na metade do caminho e tudo o que eu fiz foi pensando nos nossos filhos, nos nossos netos, em deixar essa cidade boa para o futuro. O que de mais valioso conquistei nessa jornada foi o carinho, a confiança e o respeito de todos que me seguiram durante esses anos e que acreditaram na minha sede de fazer ainda mais pelo lugar que amo.

O que o guarulhense pode esperar dos próximos anos?

Há, ainda, muitos desafios, mas modificamos o rumo de Guarulhos e agora é a hora de vermos o seu verdadeiro potencial. Trabalhamos muito para começar a transformar a cidade e não iremos desistir de buscar sempre o melhor. Para isso, ressaltamos que precisamos da ajuda da população para continuarmos identificando os problemas do município a fim de buscarmos as soluções cabíveis. Temos muito a melhorar, não há dúvidas, mas seguiremos incansáveis para que nosso esforço seja o agradecimento pela confiança de cada um dos 327.022 guarulhenses que votaram pela continuidade da mudança. Vamos colocar em prática o município que tanto sonhamos. Caminharemos em conjunto, atuando com muita verdade, coragem e transparência, e escreveremos novos avanços e conquistas juntos.

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