O
governo de São Paulo projeta que ao menos mais 11 mil pessoas devem morrer por
causa do novo coronavírus nos próximos 18 dias. A revelação foi feita pelo
coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus, o infectologista Carlos
Carvalho, nesta quarta-feira, 10. Dessa forma, o total de mortes pode chegar a
até 22 mil ainda neste mês.
Nesta quarta, o Estado bateu, pelo segundo dia seguido, o recorde estabelecido
até então de mortes nas últimas 24 horas, com 340 óbitos. O recorde anterior,
de terça-feira, 9, era de 334. Antes disso, o recorde era do dia 2 de junho,
com 327 registros.
“Está projetado para até o final de junho, dia 28, uma expectativa de 200
mil casos, variando entre 190 mil a 265 mil, se a população do município e da
região se mantiver com pelo menos 50% de isolamento social”, disse
Carvalho, citando um dado já divulgado na semana passada.
Agora, ele complementou. “A perspectiva de óbitos que talvez nos cheguemos
no final do mês, se continuar nessa mesma proporção, é na faixa de 20 mil ao
final do mês, variando de 16 mil a 22 mil. Isso sempre mantendo essa faixa de
isolamento”, disse, ainda citando a casa dos 50% de isolamento.
As informações foram prestadas na entrevista em que o governador João Doria
(PSDB) anunciou o primeiro recuo no plano de abertura econômica em meio à
quarentena do coronavírus. O Plano São Paulo classificou as regiões
administrativas do Estado segundo cores entre vermelho, laranja, amarelo e
verde, em que a primeira indica restrição total e a última, uma abertura quase
que total da economia, de acordo com evolução da doença e a capacidade de
resposta do Sistema Único de Saúde (SUS). Entenda como funciona o plano.
Nesta coletiva, três regiões que estavam nas cores amarela e laranja regrediram
para a cor vermelha. Já a Grande São Paulo, a Baixada Santista e Vale do
Ribeira, que eram vermelhas, puderam migrar para a cor laranja, o que libera
parcialmente shoppings, escritórios e o comércio de rua.
Carvalho afirmou ao Estadão que essa reavaliação de cada
cidade, que era feita semanalmente, será feita de forma diária pelo Centro de
Contingência do Coronavírus. Assim, a área médica poderá determinar o
fechamento de uma região todos os dias, caso os indicadores de controle assim
apontem, e não semanalmente, como as secretarias de Desenvolvimento Econômico e
de Desenvolvimento Regional haviam divulgado.
O infectologista disse também que só a prática dirá como os índices de
isolamento social, vitais para o controle da doença, vão se comportar diante da
liberação da abertura. “Temos de monitorar. É preciso ver se, com a
liberação, as pessoas vão para as ruas e as lojas, porque não aguentam mais (ficar
em casa), ou se vão continuar em casa, porque têm medo da doença”, disse.
As áreas econômicas farão avaliação do dados semanalmente. A cada semana, a
avaliação será para decidir se a região continua com a mesma classificação de
cor ou se precisa retornar à cor anterior. A cada duas semanas, se ela continua
na mesma cor ou se pode avançar para a cor seguinte na escala de liberação.