OMS inclui SP em área de risco de febre amarela; mutirão é antecipado

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A OMS (Organização Mundial de Saúde) incluiu nesta terça-feira (16) todo o Estado de São Paulo, além da capital e do litoral, no mapa das áreas de risco para contaminação de febre amarela.
Simultaneamente, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) resolveu antecipar a campanha emergencial de vacinação contra a doença no Estado. Em vez do dia 3 de fevereiro, doses fracionadas (0,1 ml) da vacina serão aplicadas a partir do dia 29 deste mês em 54 cidades paulistas.
Na prática, a entidade endureceu as recomendações para os viajantes estrangeiros que pretendem visitar o Estado. Agora, os turistas serão orientados a se vacinar contra a doença ao menos dez dias antes da viagem para qualquer área do Estado. Antes, essa recomendação era dada apenas para quem visitava a região norte de São Paulo.

A entidade destacou que mudou o status de São Paulo em razão da elevação do número de casos da doença registrados entre humanos e macacos de 2017 para cá. De acordo com a secretaria de Saúde do governo Alckmin, 21 pessoas morreram por complicações de febre amarela no Estado.
Os casos que evoluíram para óbito foram contraídos nas cidades de Américo Brasiliense, Amparo, Atibaia, Batatais, Itatiba, Jarinu, Mairiporã, Monte Alegre do Sul, Nazaré Paulista, Santa Lucia e São João da Boa Vista. Ao menos oito dessas mortes foram confirmadas no início do ano.

Segundo balanço da OMS, de dezembro de 2016 a junho de 2017, o Brasil contabilizou 777 casos de febre amarela, com 261 mortes, em oito Estados. A maioria deles estava concentrada em Minas Gerais, mas a contaminação também se alastrou por São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Mato Grosso, Pará e Tocantins.

“Após a temporada de inverno de 2017 no hemisfério sul, observou-se novamente uma maior atividade do vírus da doença”, disse a organização. “A determinação de novas áreas consideradas em risco para a transmissão da febre amarela é um processo contínuo e as atualizações serão fornecidas regularmente”.
Em 2017, a OMS passou a considerar como regiões de risco para febre amarela a porção norte do Rio de Janeiro, o sul da Bahia e todo o Espírito Santo. Já estavam nessa lista todos os Estados do Norte e do Centro-Oeste, além de Maranhão, Minas Gerais e partes dos Estados da região Sul, de São Paulo, da Bahia e do Piauí.

NEGÓCIOS

A ABIH-SP (Associação Brasileira Indústria Hotéis de São Paulo) não espera que a inclusão do Estado em área de risco de febre amarela impacte no turismo internacional, ao contrário do que aconteceu em 2016 durante a epidemia provocada pelo vírus da zika.

“A febre amarela já é uma doença controlada, tem vacinação em todo o mundo. Quem faz viagens internacionais com frequência para países tropicais como o nosso está acostumado a essa exigência e está com as vacinas em dia”, afirma Bruno Omori, presidente da ABIH-SP.
Para ele, o segmento também está tranquilo porque há um perfil bem definido dos turistas que chegam a São Paulo. Segundo Omori, a maioria que viaja de outros países para a capital faz turismo de negócios e, portanto, não passa por regiões de risco.
“No Carnaval recebemos mais argentinos, e eles tradicionalmente preferem a região litorânea, como o Guarujá. Os estrangeiros que vêm para ver escolas de samba já fecharam pacote e não devem cancelar”, diz.

Para Marcel Solimeo, superintendente institucional da ACSP (Associação Comercial de São Paulo) -entidade que reúne mais de 13 mil empresários de todo o Estado- o anúncio da OMS é preocupante, mas não afetará os negócios.
“A nosso ver, estão sendo tomadas medidas rápidas para imunizar a população, por isso a sensação é de que não vai impactar nas vendas. Foi assim também em surtos de outras doenças anteriormente”, diz.

VACINAÇÃO EMERGENCIAL

O Estado de São Paulo entrou no alvo da campanha emergencial de vacinação, promovida pelo Ministério da Saúde, para conter o avanço da febre amarela em localidades que até então não tinham recomendação para imunização específica. A ação também prevê alcançar as populações de Rio e Bahia.
Para isso, a ideia é utilizar doses fracionadas da vacina, feitas com 1/5 do volume do tipo padrão. A campanha, que começaria no dia 3 de fevereiro, foi antecipada para o dia 29 de janeiro em 54 cidades -São Caetano do Sul (Grande São Paulo) foi incluída na relação das que receberão a campanha.
A iniciativa terminará em 17 de fevereiro. A meta de cobertura vacinal também saltou de 7,3 milhões para 8,3 milhões de pessoas. Haverá dois “dias D”, com vacinação aos sábados, nos dias 3 e 17 de fevereiro. A vacinação é destinada a pessoas ainda não vacinadas.

Além disso, outros 12 municípios que teriam vacinação em bairros específicos agora serão contemplados em sua totalidade. Serão alcançadas as regiões da Grande São Paulo, Vale do Paraíba e Baixada Santista.
Na capital, a campanha pretende imunizar 2,5 milhões de pessoas que residem em 15 distritos previamente definidos das zonas leste e sul, como Capão Redondo, Cidade Tiradentes, Grajaú, São Mateus, entre outros.

Vale lembrar que os brasileiros que têm viagem marcada para países que exigem certificado internacional de vacinação contra a febre amarela e ainda não se imunizaram só receberão o documento se tomarem a dose padrão (0,5 ml).

OUTRO LADO

Para a Secretaria de Saúde do governo Alckmin, a classificação do Estado de São Paulo como área de risco para febre amarela “é uma recomendação geral de caráter preventivo, já que não é possível prever para qual município paulista as pessoas irão se deslocar”, segundo trecho de nota.
A pasta reafirmou que a recomendação dada pela OMS não altera as estratégias para combater o avanço da doença. Segundo a secretaria, só em 2017 foram vacinadas 7 milhões de pessoas no Estado, o que representa quase o dobro das doses aplicadas nos dez anos anteriores.

“Desde 2016 as áreas de recomendação de vacina no Estado foram gradativamente ampliadas, a partir da identificação de epizootias (adoecimento ou morte de macacos), abrangendo atualmente 510 dos 645 municípios paulistas”, afirma a nota.
A pasta disse ainda que não há motivo para pânico. “A vacina é indicada, neste momento, a quem reside ou vai viajar para áreas consideradas de risco, no Brasil ou no exterior. As pessoas que residem em localidades não alcançadas pelo vírus devem aguardar pelo início da campanha.”

Foto: Lucas Lacaz/Folhapress

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