HOJE TV – A vida espelhada no jogo de xadrez: ‘as pessoas vivem para jogar e jogam para viver’


No final do ano passado, a minissérie “O gambito da rainha” havia se tornado a mais vista da Netflix. O sucesso trouxe à tona o jogo de xadrez. Na história, Elizabeth Harmon é uma estrela do xadrez na década de 1960. Beth é uma órfã que descobriu a paixão pelo jogo, após ver o zelador do orfanato, Shaibel, jogar. Ela se torna uma vitoriosa num mundo predominante de homens e conquista diversos campeonatos pelo mundo.

Essa relação com o xadrez também fascinou o professor e psicanalista, Miguel Sorolla Neto. “Ganhei um jogo do meu pai e ficava curioso sobre o que as peças significavam”, disse o autor do livro “O jogo da vida: as pessoas vivem para jogar e jogam para viver”.

“É o jogo da vida de nós todos e eu percebi, analisando e fazendo as associações, que a vida pode ser comparada a um jogo, já que está no tabuleiro de xadrez”, ressaltou.

Ao longo do programa ele foi explanando sobre a relação entre o xadrez e vida real. “Os peões são numerosos, os que mais trabalham, morrem mais cedo, arriscam a vida e vão para a batalha logo no começo. Na sociedade eles representam a classe operária. A ideia não é que ele é pobre e morrerá infeliz, existe xeque-mate que o peão é quem dá no rei. Não é porque nasceu pobre que está condenado, se ele for bem orientado desde pequeno não será um peão a vida inteira”, disse.

De acordo com ele, a torre representa um castelo, prédio, escola e casa em nossa sociedade. “Ela é um elemento de proteção. Você se protege dentro da torre”, disse.

Já o bispo é um sacerdote, conselheiro e pacificador. “Mas existe o bispo bom e o mau. Tem aquele que engana, porque o discurso é um, mas a prática é outra”, afirmou.

A rainha e o rei também foram explicados, sob a óptica da psicanálise. “A rainha é a mulher, mãe em nossa sociedade. A mulher cuida da criança, da casa, estuda, trabalha e articula todas a coisas. Ela se movimenta para todos os lados. O homem é mais parado. A mulher é quem comanda tudo, por isso é a rainha. O rei é a figura central, que só anda uma casa por vez”, disse.

Por fim, o cavalo. “É sedutor, galanteador, muito bem-falante, mas é mentiroso, ardiloso e perigoso. O cavalo engana muito porque o discurso dele é um e a prática é outra. Nem sempre o cavalo é mau, mas ele é aquele que passa por cima de todos”, explicou.

Segundo ele, o xadrez realiza um treinamento para o cérebro. “O ato de pensar não é natural. A criança não nasce sabendo pensar, ela vai aprender e, como ela é ensinada a pensar, esse deveria ser o enfoque de toda a educação. Quem joga é a mente, não é a mão, por isso a criança vai aprender desde cedo que a vida é feita de escolhas”, ressaltou. “Se na escola os jovens aprendessem brincando, através do xadrez, e entendendo o que e como é a vida, eles teriam muito mais sucesso porque aprenderiam a jogar brincando, de forma lúdica, e não como se aprende hoje, através da experiência. Quando ele aprende já teve uma perda grande e a vida custa muito caro. Muitos perdem a vida porque não aprenderam a jogar”, explicou.

O programa vai ao ar de segunda-feira a sexta-feira, das 8h às 9h, e pode ser acessado no Facebook (guarulhoshoje), YouTube (HOJE TV) ou pelo site www.guarulhoshoje.com.br.

Imagem: Hoje TV

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