A retomada na rede estadual

Foto: Marcelo Fernandes
- PUBLICIDADE -
ACE

Maria Menezes

As aulas na rede estadual também precisaram de adaptações. Na Escola Estadual Deputado Cantidio Sampaio, localizada na Vila Flórida, segundo o diretor Marcelo Fernandes, a maior dificuldade foi o comportamento dos alunos diante das novas e antigas obrigações, como a utilização dos cadernos e livros, aferição da temperatura e a necessidade do uso de máscara.

“Por sermos uma comunidade de alta vulnerabilidade social, tivemos muita dificuldade no início da pandemia. Nossos alunos não tinham recursos como celular e computador, dificultando a comunicação”, conta.

Para trazer os estudantes para perto da instituição, a escola ampliou as publicações em blogs, Instagram e Facebook, como complemento ao Centro de Mídias SP, site criado para intensificação do ensino da rede estadual paulista, usado no acompanhamento às aulas durante a pandemia, visando atender o máximo de alunos. Para os estudantes que não tinham acesso à internet, o estado disponibilizou chips pelo programa “Além da Escola”.

Com a retomada, alguns estudantes acabaram não voltando a frequentar as aulas, mas o contato mantido com as famílias facilitou a busca por alunos faltosos. Segundo Fernandes, no início, os principais motivos das faltas eram os horários, já que as escolas estaduais voltaram antes das municipais e com o trabalho dos pais, alunos mais velhos deixavam as aulas para cuidar dos mais novos, além dos que precisaram começar a trabalhar. Hoje, três meses após a retomada completa, a escola conta com 96,3% dos alunos dos ensinos finais, sendo 8º e 9ª ano e 99% do infantil presentes na escola. A instituição faz busca por 11 alunos.

Segundo a diretora de ensino da Guarulhos Norte, Vera Curriel, na rede estadual da região não houve uma redução significativa no número de alunos que não retornaram às escolas. Em compensação, em relação aos estudantes do último ano escolar, foi notado um aumento na busca pela troca de turno, já que boa parte deles precisou entrar no mercado de trabalho. “Nós temos que recuperar aqueles que não conseguiram, inclusive estamos com avaliações dos sistemas da educação básica como o Sistema de Avaliação de Rendimento do Estado de SP (Saresp), além das recuperações que serão feitas já em janeiro do ano que vem”, conta.

Tendo a percepção das dificuldades enfrentadas nesse período, a escola planeja aulas de reforço para todas as turmas, além da aplicação de provas de sondagens, para entender em quais competências e habilidades cada estudante está. Com as aulas de reforço, a partir do ano que vem, a escola amplia a grade curricular para nove horas, com orientação de estudo, aulas de reforço e ampliação curricular.

Para Fernandes, ainda que as escolas tenham enfrentado problemas com o novo método de ensino, a aprendizagem remota e híbrida veio como uma nova ferramenta para o professor, pais e alunos, que ganharam uma nova maneira de aprendizagem. “Precisamos fazer com que os alunos possam estudar além dos muros da escola e a escola precisa ser um canal contínuo na vida dos alunos. O ensino híbrido veio para ficar, mas ele nunca substituirá o ensino presencial”, conta.

- PUBLICIDADE -