Adotadas por empresas, áreas verdes de Guarulhos vivem em completo abandono

Rosana Ibanez

A fila da adoção é enorme. Com muita sorte algumas foram escolhidas com a promessa de que a nova família teria dedicação exclusiva para deixá-las, não somente bonitas, mas aptas para receberem crianças para brincar e adultos em seus momentos de lazer. Mas, a realidade é bem diferente.

O projeto Adote uma Área Verde foi criado pela Prefeitura com o objetivo de executar um permanente e contínuo trabalho de conservação e manutenção de praças, canteiros e jardins, sendo uma parceria do poder público com a iniciativa privada.

A adoção resulta em benefícios para todos. A prefeitura pode direcionar suas ações de conservação e manutenção das áreas e o adotante associa o nome de sua empresa à questão ambiental, obtendo o reconhecimento da comunidade através do retorno publicitário adquirido.

Segundo a Secretaria de Meio Ambiente (Sema) há mais de 1.400 áreas na cidade, das quais 288 estão contempladas pelo programa em um total de 207 empresas adotantes – lembrando que uma mesma companhia pode adotar quantas áreas tiver interesse.

Na parceria, a Sema disponibiliza o acervo das áreas públicas para adoção, oferece orientação e suporte técnico/paisagístico ao adotante e efetua sistematicamente o acompanhamento e monitoramento da área verde adotada. Já a empresa compromete-se a manter as áreas limpas, conservadas e em perfeitas condições de uso para a comunidade, ao mesmo tempo em que valoriza sua marca.

Realidade

Giovanna Silvério e Maria Menezes

O HOJE percorreu alguns pontos da cidade para verificar a situação das áreas verdes. Algumas não estão em bom estado de conservação, inclusive as que servem para uso da população, pois estão perdendo sua funcionalidade e se caracterizando como um local de risco para as pessoas.

O canteiro central da avenida Paulo Faccini, uma das principais vias de acesso de Guarulhos, amarga com o abandono dos pais que se esqueceram desse importante filho. No cruzamento dela com a avenida Salgado Filho o mato está bem alto e há lixo espalhado por diversos pontos. São copos, papéis, garrafas, sacolas plásticas e outros resíduos que se destacam em meio ao verde do local. Em toda a extensão é possível visualizar o abandono com muito lixo, até mesmo embaixo das placas indicando a empresa adotante o mato alto predomina e é possível ver garrafas de vidro, cascas de frutas e sacos de lixo.

Foto: Divulgação
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Em um dos canteiros da rua Jaroslav Hajek, no Picanço, por exemplo, o mato está tomando conta da calçada e os pais não podem passear ali com seus filhos, além da falta de segurança. Um pneu foi descartado irregularmente sendo um provável criadouro do mosquito Aedes aegypti que, além de transmitir dengue, causa, também, a chikungunya e o zika vírus. No local há muitos resíduos indicando que há muito tempo a limpeza não é realizada, além de sacos de lixo deixados irregularmente.

Foto: Divulgação
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No canteiro central da avenida Bartholomeu de Carlos, no Jardim Flor da Montanha, a área adotada está visivelmente abandonada e serve de local para depósito irregular de lixos, entulhos, resíduos, depredação e atos de vandalismo, além da proliferação de insetos e ratos.

Foto: Divulgação
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Nos canteiros das avenidas Tiradentes, no Centro, e Brigadeiro Faria Lima, no Cocaia, a falta de manutenção é visível com o mato alto e lixo em alguns pontos.

Foto: Divulgação
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Na rua Rafael Bazani, Centro, o problema é o lixo. Há garrafas de vidro, papéis e sacos. A grama, que deveria existir, dá lugar ao chão de terra repleto de resíduos. Os materiais descartados nas lixeiras existentes também não foram recolhidos pela prefeitura. Dessa forma, a população até tenta descartar o lixo corretamente, mas ele cai da lixeira e vai para o chão junto com os demais.

Foto: Divulgação
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Na praça Santos Dumont, região da Vila Galvão, a falta de poda nos arbustos é evidente. Muito lixo está jogado irregularmente, inclusive tijolos, e o chão apresenta rachaduras.

Foto: Divulgação
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Segundo a prefeitura, quando uma empresa não mantém a área em perfeito estado de conservação, ela é notificada a realizar a manutenção em 30 dias, caso não realize o serviço a multa é de 1.000 Unidades Fiscais de Guarulhos (UFG) – equivalente a R$ 3.930,00. Porém, o adotante que não tiver condições em manter o serviço, pode desistir sem custo. Para isso vistorias são realizadas com frequência pelas equipes da Sema.

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