Impasse não pode afetar atendimento à população, afirma secretária de Saúde

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No cargo de secretária municipal de Saúde desde meados de agosto, a médica Ana Cristina Kantzos enfrenta nesta semana a mais grave crise de sua breve gestão, após funcionários de uma empresa de limpeza, contratada pelo Instituto Gerir, paralisarem suas atividades por não estarem recebendo os salários. Com isso, as dependências externas e algumas áreas de atendimento, como a recepção, começaram a ficar sujas, passando a impressão de falta de higiene e cuidados tanto no HMU (Hospital Municipal de Urgências) como no HMCA (Hospital Municipal da Criança e do Adolescente). A questão foi sanada ainda ontem pela manhã. “Não podemos aceitar que qualquer impasse que possa existir entre a Prefeitura e o Gerir afete o atendimento à população”, afirmou a secretária.

A paralisação dos serviços de limpeza se soma ao desencontro de contas entre o que a organização social informa ter direito a receber e o que está definido em contrato. Isso vem prejudicando o atendimento principalmente no HMU já há algumas semanas, quando – em alguns momentos – profissionais, inclusive médicos, que tinham salários atrasados também ameaçaram cruzar os braços. Diante do quadro, uma série de reuniões vem sendo realizadas. A Secretaria de Saúde também já iniciou uma auditoria nas contas das unidades hospitalares, como forma de checar se os valores, que não estão no contrato, mas que são cobrados pelo Gerir, são pertinentes.

Segundo informações da Secretaria de Saúde, a Prefeitura está em dia com os valores contratados, repassando R$ 4,7 milhões por mês, conforme consta do contrato. O Gerir tem apontado que o valor correto deveria ser acima de R$ 6 milhões ao mês, já que o número de atendimentos realizados seria maior que o estimado. Em agosto, a administração já repassou R$ 4,5 milhões ao Gerir pela gestão do HMU. Foram R$ 2,5 milhões no dia 6, outros R$ 1,3 milhão na última sexta-feira, além de R$ 700 mil repassados ontem, após reunião realizada no Gabinete do Prefeito com representantes da organização social, secretários e o próprio prefeito Guti.

Durante a reunião nesta terça-feira (14) pela manhã, ficou decidido que a Prefeitura iria repassar ainda ontem os R$ 700 mil necessários para que o Gerir quitasse a folha de pagamento da empresa de limpeza para que os serviços nas unidades hospitalares fossem regularizados imediatamente. Por volta de meio-dia, os trabalhadores começaram a voltar a seus postos e a limpeza – que vinha sendo realizada em caráter emergencial, com o apoio de funcionários da Proguaru – se normalizou.

 

Administração não se exime de responsabilidade no atendimento

Apesar de ter concedido a gestão de três unidades médicas ao Instituto Gerir, em maio do ano passado, a Prefeitura de Guarulhos, em momento algum, se exime de qualquer responsabilidade em relação aos problemas enfrentados na área de saúde, conforme explica Ana Cristina Kantzos. Ela afirmou que o HMU mantém o atendimento de urgência e emergência, sendo que os casos de menor complexidade são encaminhados para unidades como as UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) Paulista e Cumbica, além das policlínicas, como a Paraventi, a mais próxima do hospital.

“Nenhum hospital tem portas abertas. Se você for no Geral do Cecap ou no Padre Bento, ambos estaduais, não há pronto socorro aberto. Mas devido à cultura da população, que muitas vezes prefere ir nos hospitais do que nas unidades básicas, eles ficam cheios”, explica a secretária. “Isso não é apenas em Guarulhos. Em todo o Brasil ocorre desta forma”, completou.

Ana Cristina lembra que a Prefeitura de Guarulhos está bastante próxima a gestão das unidades médicas administradas por organizações sociais. “Nós damos todo o apoio necessário. Estamos na retaguarda para cobrir possíveis problemas. Neste episódio, em que houve falta do pessoal da limpeza, a Proguaru passou a realizar o serviço em áreas comuns, enquanto outros funcionários da administração que já atuam na Saúde, cuidaram de espaços onde há mais restrição”, contou.

Sobre a informação de que uma superbactéria estaria circulando no HMU, Ana Cristina foi enfática. “Há sim quatro casos de pacientes que contraíram a KPC, uma bactéria comum em ambiente hospitalar. Porém, eles estão isolados e recebendo o atendimento apropriado, não havendo risco de qualquer surto”, afirmou. Identificados esses pacientes, a Secretaria de Saúde tomou todas as medidas de controle para prevenir que novos pacientes se tornem portadores ou tenham infecção por essa bactéria.

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