Em dezembro, tem início, no Brasil, o verão e, assim, as altas temperaturas. Com isso, os cães podem, literalmente, morrer de calor.
Segundo Camilli Chamone, geneticista, consultora em bem-estar e comportamento canino e criadora da metodologia neuro compatível de educação para cães no Brasil, a maior parte dos donos de cachorros se preocupa com o inverno e se o peludo está passando frio, mas é o calor que merece atenção.
“Os cães regulam a temperatura do corpo através da respiração. Eles respiram para eliminar ar quente de dentro do organismo e inspirar ar frio. Porém, dependendo do calor, isso é impossível, pois o ar externo já está muito quente e eles não conseguem resfriar seu próprio corpo”, detalha.
O cuidado precisa ser ainda maior com raças de focinho achatado, como pug, buldogues (francês e inglês), shitzu, lhasa apso e boxer, pois esses cães têm ainda mais dificuldade em regular a temperatura do próprio corpo e podem fazer um quadro de hipertermia em poucos minutos.
Sinais de alerta
Segundo Chamone, o primeiro sinal de alerta em altas temperaturas é o animal ficar muito ofegante, com a língua para fora de forma intensa.
O quadro de hipertermia (aumento da temperatura do corpo) se agrava progressivamente quando a língua muda de cor, passando de rosa para tons arroxeados. “Se o roxo se intensifica, a situação está piorando, com exceção para as raças chow chow e sharpei, pois a língua desses cães já é naturalmente roxa”, complementa Chamone.
Depois vem outros sintomas, como engasgo, vômito, diarreia e desmaio. “Neste cenário, o peludo não consegue mais regular a temperatura do corpo sozinho, e seus órgãos literalmente passam a cozinhar por dentro”, alerta a consultora.
Ações
Para evitar o quadro de hipertermia, Chamone traz recomendações importantes:
1- Evitar passeio entre 10 e 16 horas. “Por serem os horários mais abafados, o asfalto pode até queimar as patas. Ainda assim, não deixe de passear com ele no verão (e em nenhuma outra época do ano) – o ideal é ir bem cedinho, ao amanhecer”, reforça.
2- Deixar a água sempre fresca, em potes. “O cachorro precisa submergir a língua na água para matar a sede; por isso a água é à vontade, em potes largos e de fácil acesso, jamais em bebedouros conta-gotas”.
3- Evitar tosas. “O pelo é um isolante térmico, tanto do frio como do calor. A tosa tira essa proteção natural e só traz ainda mais calor ao animal. Se quer diminuir os pelos, o ideal é aparar com uma tesoura, sem nunca descobrir a pele”.
4- Ter atenção ao ambiente do cão. “Não é só passeando que o cachorro entra em quadro de hipertermia. Se ele fica na varanda ou no quintal e bate sol, ou trancado dentro de casa sem ventilação, ele pode morrer de calor mesmo estando parado”. Por isso, o ideal é mantê-lo em ambientes frescos, à sombra, com ventilador ou ar condicionado, se não houver vento que refresque.
5- Caso o cão esteja muito ofegante, tire-o imediatamente de onde está e leve-o para um ambiente fresco. “Se necessário, molhe-o com água de mangueira, em temperatura ambiente, por exemplo – é uma forma artificial de diminuir a temperatura do corpo rapidamente”, explica.
6- Se ele já estiver num quadro grave de hipertermia, busque ajuda na clínica veterinária mais próxima. “Depois de molhá-lo, para reduzir a temperatura do corpo, tente transportá-lo o mais rápido possível e corra! Nestes casos, minutos fazem a diferença”, registra a consultora.
Ter conhecimento e agir no preventivo podem salvar a vida de um cachorro e trazer um verão mais seguro para toda a família.