HOJE TV: Entenda a intenção e os processos do Programa Família Acolhedora

Foto: HOJE TV

Maria Menezes

As convidadas desta sexta-feira (18) do HOJE TV, apresentado pelo jornalista Maurício Siqueira, foram a chefe de divisão técnica de proteção social de alta complexidade da Secretaria de Desenvolvimento e Assistência Social (SDAS), Márcia Smerdel, e a coordenadora do Serviço de Acolhimento Familiar do Instituto Forte, Caroline Carvalho. Em conjunto, as profissionais explicaram sobre a intenção, processo e atuação do Programa Família Acolhedora.

O projeto, que surgiu em 2019, é um serviço regulamentado nacionalmente, que parte do Sistema Único de Assistência Social, na tipificação nacional dos serviços socioassistenciais, como um serviço da proteção social especial de alta complexidade. O programa conta com auxílio do Instituto Forte para a execução do serviço de acolhimento, enquanto a pasta fica responsável pelo acompanhamento sistemático do projeto. “Na secretaria nós temos uma divisão de execução direta. A minha acompanha as questões técnicas, então estamos sempre em discussão dos casos, que são sempre muito complexos. Nós temos uma execução muito grande com o Ministério Público e a Vara da Infância. De 2019 para cá nós já tivemos 35 famílias habilitadas, dessas 14 foram desabilitadas por motivos pessoais ou por não terem se adaptado a alguma experiência e acabaram abrindo mão”, conta Márcia.

Guarulhos conta hoje com sete acolhimentos institucionais, que são casas abrigos. Para cada uma delas, são encaminhadas no máximo 20 crianças e adolescentes juntos. Márcia explicou que a diferença entre as formas de acolhimentos se dá principalmente pela atenção e dedicação recebida por cada criança individualmente em cada um deles. “Quando você está em uma instituição, por mais competentes que sejam, por mais que tenha uma equipe técnica de cuidadores, você não consegue dar tanta atenção para todos as 20 pessoas que estão naquela casa, porque as demandas são complexas. Além disso, Guarulhos vem recebendo muitos adolescentes migrantes, de outra nacionalidade, que não conseguimos entender a língua e precisamos trabalhar com tradutor. Essas crianças não conseguem ter uma atenção e interação totalmente voltadas a ela”, explica.

O Instituto Forte, através da equipe técnica, é responsável pela parte que fornece subsídio para que as famílias façam o acolhimento, selecionando, capacitando e acompanhando cada uma delas para que seja feito de forma correta e saudável. “As famílias acolhedoras têm essa consciência de que elas estão totalmente vinculadas ao serviço e aos técnicos de referência, que são psicólogos e assistentes sociais. Além de acompanhar as famílias de origem da criança, saber o que motivo do acolhimento, o que está acontecendo e qual demanda ela tem, a equipe técnica dá todo suporte para a família acolhedora cuidar dessa criança durante o tempo que for necessário”, explica Caroline.

Para se vincular ao programa, o interessado deve procurar o Instituto Forte ou a SDAS. Tendo o interesse, a família é encaminhada para uma avaliação familiar, onde serão analisadas as condições para participar. Questionada sobre os casos de abuso e exploração de menor registrados no país, a coordenadora explica que existem critérios para participar do Família Acolhedora, para que o trabalho seja feito com muita proximidade da família. “A família cadastrada, estando acolhendo ou não, tem a obrigatoriedade de participar das reuniões e rodas de conversa que nós fazemos justamente para sair desse mito de ‘é só querer pegar a criança, vou embora e faço o que quiser com ela’. Existe esse cuidado e, claro, uma relação de confiança com a família, por isso todo o processo de triagem é muito minucioso, para que possamos entender as intenções dessa família ao acolher uma criança”, disse.

Ela ressaltou, ainda, que o processo de habilitação dessas famílias é bem delicado. “Nós fazemos várias entrevistas, visitas domiciliar, estudo psicossocial e investigações para saber se essa família tem a motivação de estar preparada para o acolhimento, porque além de tudo isso estamos falando de crianças que sofreram um trauma. Todas precisam passar por essas famílias como uma entrega, aonde ela vai receber afeto e ser educada, pelo tempo que for necessário. Mas a família tem que ter essa disponibilidade afetiva e emocional para oferecer aquilo que a criança precisa naquele momento”, destacou.  

A intenção inicial do programa é que cada criança e adolescente retorne para as famílias de origem assim que for possível. Por isso, os interessados em acolher precisam estar cientes que a criança voltará, há qualquer momento, para a família de origem. O tempo máximo permitido para que essa criança permaneça em acolhimento é de 18 meses. “O tempo mínimo é que um dia, dependendo da situação de emergência. Temos crianças que ficaram acolhidas por um mês, outras 20 dias, três meses e o máximo que tivemos foi um ano e cinco meses. É um trabalho humanizado, principalmente com a família acolhedora”, explica Caroline.

O programa vai ao ar de segunda-feira a sexta-feira, das 8h às 9h, e pode ser acessado no Facebook (guarulhoshoje), YouTube (HOJE TV) ou pelo site www.guarulhoshoje.com.br.

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