Investigado na Lava Jato é preso no Aeroporto de Guarulhos

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Ademir Auada foi preso às 5h desta quinta-feira (28) no Aeroporto de Guarulhos (SP). Ele estava no Panamá e era procurado pela Polícia Federal (PF) desde quarta (27), quando a 22ª fase da Operação Lava Jato foi deflagrada. Havia um mandado de prisão contra ele.
Ele chegou à superintendência da PF, em Curitiba, por volta das 14h. A prisão dele é temporária e vence daqui cinco dias, podendo ser prorrogada pelo mesmo período, caso o a Justiça considere necessário.
Dois mandados de prisão refrentes à 22ª etapa da Lava Jato ainda não foram cumpridos.
Prisões
Três pessoas foram presas na quarta-feira. Elas foram encaminhadas para a PF na capital paranaense ainda na quarta e nesta manhã fizeram o exame de corpo de delito no Instituto M

édico-Legal (IML). O procedimento é prática comum após a prisão e durou cerca de 20 minutos. Após o exame, Nelci Warken, Ricardo Honório Neto, Renata Pereira Brito voltaram para a carceragem. Todos eles têm prisão temporária em vigor e o prazo vence no domingo (1º).

Os mandados de prisão que ainda não foram cumpridos são contra Maria Mercedes Riano Quijano e Luis Fernando Hernandez Rivero. A PF informou que sabia antes da deflagração da operação que Maria Mercedes e Ademir Auada, preso nesta manhã, se encontravam no exterior.
Já Luiz Hernandez Ribeiro teria residência em São Paulo, mas não foi localizado pelos agentes. O prazo da prisão temporária deles só passa a contar a partir do momento em forem detidos efetivamente.

22ª fase
Esta nova fase da operação investiga a abertura de offshores (empresas no exterior) e a compra de apartamentos no Condomínio Solaris em Guarujá (SP) para lavar dinheiro do esquema de corrupção na Petrobras.
A empresa Mossack Fonseca, sediada no Panamá, é investigada por abrir uma offshore (Murray Holdings) que assumiu a propriedade de um dos imóveis para esconder os reais donos.
Entre os crimes investigados na atual fase estão corrupção, fraude, evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Oitenta policiais participam da ação.
Ricardo Honório Neto é o sócio da representação brasileira da Mossack, que tem sede em São Paulo. Já Renata Pereira Brito, segundo o MPF é funcionária de confiança da Mossack no Brasil. Nelci Warken, por sua vez, é apontada como responsável por um tríplex no Condomínio Solaris, embora ele tivesse sido transferido para a Murray.
Maria Mercedes e Luis Hernandez Rivero são apontados pelas investigações como administradores de fato da Mossack no Brasil. Já Ademir Auada aparece como responsável pela Murray Holdings junto à Mossack Fonseca. Além da Murray Holdings, ele era responsável por pelo menos outras 18 off-shores, conforme o MPF.
Mossack Fonseca
No despacho em que autorizou as prisões, o juiz Sérgio Moro destacou que várias off-shores constituídas por intermédio da Mossack Fonseca foram utilizadas em esquemas de lavagem de dinheiro apurados por outras etapas da investigação de desvios na Petrobras.
Como exemplo, cita offshores controladas pelo ex-diretor da estatal Renato Duque, o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, e o operador Mário Góes. Todos já foram condenados e ainda respondem a outros processos derivados da Lava Jato.
“Teriam utilizado as referidas off-shores para abertura de contas no exterior através das quais ocultaram e dissimularam produto do crime de corrupção no esquema criminoso da Petrobras”, afirmou o juiz.
Família de Vaccari pagou por apartamento
O despacho do juiz Sérgio Moro sobre esta fase da Lava Jato diz que uma cunhada de Vaccari, Marice Correa de Lima, pagou R$ 200 mil por um apartamento em construção no Solaris, até 2012. No ano seguinte, desistiu do negócio e recebeu como devolução da OAS R$ 430 mil.
Além disso, a mulher de João Vaccari Neto, Giselda Rousie de Lima, declarou à Receita Federal ser proprietária da unidade 43 no empreendimento. Mas, segundo o MPF, outra pessoa aparece como proprietária: Sueli Falsoni Cavalcante, que é empregada da OAS.
Vaccari, que já presidiu a Bancoop, foi preso pela Lava Jato em 2015 e está detido na Região Metropolitana de Curitiba. O G1 tentou contato telefônico com o advogado Luiz Flávio Borges D’Urso, que representa o ex-tesoureiro, porém, a ligação foi direcionada para a caixa postal.
O advogado da OAS, Edward Carvalho, disse que a busca e apreensão na empresa “foi desnecessária” e que as informações poderiam ter sido pedidas antes pela PF.

Triplex que foi de Lula
De acordo com o jornal “O Globo”, um triplex do condomínio Solaris pertenceu ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo o MPF, o caso ainda é investigado.
Em depoimento ao Ministério Público de São Paulo no ano passado, dois funcionários do Solaris afirmaram que viram Lula e a ex-primeira-dama Marisa Letícia visitando a reforma do triplex 164A. A investigação do MP de São Paulo é independente da Lava Jato.
Por meio da assessoria de imprensa, o Instituto Lula afirmou que o ex-presidente e Marisa Letícia “jamais ocultaram” que a ex-primeira-dama possui cota de um empreendimento no Guarujá e que essa cota foi adquirida da extinta Bancoop. Disse ainda que as informações foram prestadas à Receita Federal.

Da esquerda para a direita: Renata Pereira Brito, Nelci Warken e Ricardo Honório Neto. Os três foram presos na 22ª fase da Lava Jato (Foto: Christopher Spuldaro / RPC)

Da esquerda para a direita: Renata Pereira Brito, Nelci Warken e Ricardo Honório Neto. Os três foram presos na 22ª fase da Lava Jato

Fonte: G1 / Foto: Christopher Spuldaro / RPC

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