Atletas do extinto Corinthians-Guarulhos brigam na justiça para receberem salários


Antônio Boaventura

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Atletas da extinta equipe de vôlei masculino Corinthians-Guarulhos, que encerrou suas atividades no começo do mês de maio deste ano, precisaram acionar o Poder Judiciário para cobrar os três meses de salário em atraso. A Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) confirmou a existência do Fair Play financeiro e que não há controle sobre a relação trabalhista entre clube e jogadores.

A principal entidade do vôlei nacional ressaltou que o regulamento da Superliga tem como um dos seus pontos a regularidade financeira das equipes participantes. Cláusula acordada entre os clubes com a CBV, a qual compete ao final da temporada receber de cada clube um termo declarando que os mesmos arcaram com seus compromissos com os atletas e comissões técnicas.

No entanto, o mesmo regulamento prevê que quando existe alguma disputa na justiça, ainda tramitando, a entidade deve acatar a inscrição da equipe até a resolução do processo em curso – este é o caso da equipe de Montes Claros, que na temporada anterior alugou o seu CNPJ para que a parceria entre Corinthians e a Prefeitura de Guarulhos pudesse disputar a principal competição nacional de vôlei.

Entretanto, a mesma destaca que vem buscando, nos últimos anos, ferramentas de regulação da relação clube/atleta. Nesta relação, a CBV não é parte integrante dos acordos, não participando, portanto, das negociações e escolhas de cada atleta e/ou procurador. Tão pouco a CBV recolhe cópias dos contratos ou acordos firmados para exercer fiscalização pelo cumprimento de suas cláusulas.

Já a administração pública afirma que não houve investimento financeiro para viabilizar a participação da equipe nas competições estaduais e nacionais. Os termos da parceria consistiam em ceder o ginásio da Ponte Grande nos dias de jogos do Corinthians-Guarulhos e, em contrapartida, o time revitalizou a estrutura interna do local e auxiliou a cidade no incentivo à iniciação esportiva na modalidade.

O Corinthians informou que não é e nem nunca foi o responsável financeiro pela parceria com o time de vôlei Corinthians-Guarulhos. A agremiação possui apenas um contrato de licenciamento de marca para que a associação conseguisse patrocinadores junto ao mercado o que era de conhecimento do mercado, comissão técnica e atletas.

O clube aponta que durante momentos de crise contribuiu financeiramente para a parceria por liberalidade e compromisso social com o esporte, no entanto o contrato foi encerrado em 06 de maio de 2019, devido à falta de capacidade de investimento prevista em contrato e não demonstrada pelo parceiro na prática.

Em contrapartida, a Associação Social Cultural Índios Guarus (AIG), gestora esportiva, revelou que no mês de abril foram surpreendidos com a solicitação do Corinthians pelo distrato da parceria, que segundo a AIG, se encerrava em junho do próximo ano. A entidade admite atrasos nos salários de março, abril e maio. Dos 16 atletas, quatro estão quitados, e cinco assinaram o acordo proposto. 

“Todos que participaram da parceria foram beneficiados, exceto os jogadores, que seguem como os únicos prejudicados. Cumpri minhas obrigações até o final levando o nome do Corinthians e da Prefeitura de Guarulhos durante todo o campeonato e isto proporcionou a AIG negociar e receber as verbas da prefeitura e ainda garantir a permanência do Montes Claros na Superliga”, concluiu o atacante Rivaldo.

Foto: Léo Vittuli / Corinthians

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