Rastreio por celular indica movimentação menor na periferia de SP

Foto: Zé Carlos Barretta/Flickr/Creative Commons
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Dados do Sistema de Monitoramento Inteligente (Simi) do governo de São Paulo apontam que os bairros de Marsilac e Parelheiros, no extremo sul da cidade de São Paulo, são as localidades com maiores índices de isolamento social, com 79% e 70%, respectivamente. Por outro lado, os bairros de Vila Nova Conceição e Alto da Boa Vista, também na zona sul, estão no lado oposto, com baixos índices de adesão à quarentena, com 33% e 37%, destaca o jornal O Estado de S. Paulo.

Esse índice é definido a partir de vários bancos de dados. Um deles é a movimentação de pessoas captada pelas antenas de telefonia celular dentro de regiões específicas do Estado. Quando a pessoa se afasta 200 metros da residência, o levantamento considera que ela rompeu o isolamento. A análise, feita pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), não faz distinção entre idas ao supermercado ou ao trabalho. E se uma pessoa sair sem o aparelho os dados são não computados.

É justamente o ineditismo da utilização de dados de celulares um dos pontos que preocupam os especialistas. “Não há precedente na história”, afirma Helder Nakaya, professor do departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas da USP. Fernando Reinach, especialista em Biologia Molecular e colunista do Estado, destaca a limitação do uso do celular para tentar definir a movimentação das pessoas. “Se eu saio de Atibaia e vou até São Paulo e fico três dias sozinho no apartamento, eu não rompi meu isolamento. Eu não encontrei ninguém. O celular provavelmente vai identificar esse deslocamento”, explica. “Se eu for de ônibus, eu terei contato com várias pessoas, mas o celular vai registrar o mesmo deslocamento.”

A reportagem visitou nesta quinta-feira dois bairros que estão em pontos extremos nos índices de isolamento social: Vila Nova Conceição (33%) e Parelheiros (70%). Bairro eminentemente residencial e com imóveis de alto padrão, o primeiro se caracteriza pela grande presença de trabalhadores das áreas de segurança e limpeza. São profissionais que se deslocam de outras regiões para o local de trabalho, como Antonio Ribeiro. “Muita gente trabalha aqui e não tem condições de fazer home office.”

Distante 34 quilômetros dali, o bairro de Parelheiros é o vice-campeão em isolamento. As ruas não estão totalmente desertas, mas o trânsito caiu pela metade, dizem os moradores. A empregada doméstica Cátia Pereira explica que os moradores ficaram assustados na última semana quando viram que o Hospital Municipal de Parelheiros estava com 100% dos leitos de UTI ocupados. “As pessoas estavam saindo para as ruas normalmente, mas começaram a voltar para casa”, conta.

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