VII Conferência Municipal de Cultura reúne agentes culturais, instituições e autoridades

Foto: Marcos Paulo Fernandes/SC

No último sábado (27) a Prefeitura de Guarulhos promoveu a VII Conferência Municipal de Cultura no Salão de Artes do Adamastor. A abertura do evento contou com as participações de produtores, agentes culturais, artistas, usuários de equipamentos de cultura da cidade, instituições, além das presenças de autoridades, dentre elas o vice-prefeito e secretário de Cultura, Professor Jesus, o subsecretário de Igualdade Racial, Anderson Guimarães, o diretor de Eventos Culturais, Cesar Samsoniuk, o diretor Gestão da Igualdade Racial, Jaime Morais, e o presidente do Conselho Municipal de Política Cultural (CMPC), Marcelo Mendonça.

“O encontro deste sábado é de grande importância para que possamos revisitar o Plano Municipal de Cultura à luz da relação de seus eixos e metas com as demandas práticas da cidade. É importante destacar que essa conferência integra um processo democrático do qual fazem parte os conselhos, o que nos une em apoio à Cultura e ao exercício da transparência das ações da pasta”, disse Professor Jesus, destacando a importância da retomada das atividades culturais, fortemente impactadas pela pandemia.

Sobre a importância das políticas migratórias, o subsecretário de Igualdade Racial, Anderson Guimarães, pautou a VII Conferência com a importância da diversidade cultural trazida pelos migrantes e o fomento econômico que tais práticas trazem para a cidade. “Ter a política de migração no centro das discussões desse encontro nos permite pensar em políticas públicas para a cultura tendo em vista todos os munícipes”, pontuou Guimarães.

Com foco na elaboração de políticas culturais que contemplam a cidade como um todo, Cesar Samsoniuk mediou os debates ao longo da realização da conferência. “A expectativa é que, ao final dos debates que vão acontecer neste espaço, possamos ter formatado meios de fortalecimento das políticas públicas”.

O evento da VII Conferência Municipal de Cultura também abrigou a eleição das cadeiras do CMPC nas áreas de artes visuais, artes cênicas, audiovisual, associações não governamentais, cultura popular tradicional, literatura, hip-hop, música e patrimônio histórico. Marcelo Mendonça, presidente do CMPC, chamou a atenção dos participantes sobre a importância do conselho e do papel dos conselheiros no que diz respeito à atuação da sociedade civil junto ao poder público.

“É necessário entender que tipo de conselho queremos, a função do conselho e da conferência, da mesa diretora do FunCultura. A principal atuação do conselho é a de fiscalizar as ações da gestão, e isso deve acontecer por meio da parceria entre a sociedade civil e o poder público. Por isso, é importante que não percamos a dimensão de que, caminhando juntos, podemos efetivamente construir políticas públicas eficazes”, refletiu Mendonça.

Dados da pasta

O dia foi de debate, levantamento de pautas sobre as ações culturais, questionamentos sobre a execução do Plano Municipal de Cultura (PMC), eleição dos conselheiros, orçamento, Lei Aldir Blanc e a avaliação do impacto da pandemia na gestão cultural do município.

Sobre as ações da Secretaria de Cultura relacionadas ao plano municipal, os dados apontaram avanços da gestão no que diz respeito à implantação do Programa de Formação Cultural de Guarulhos, ampliação e aprimoramento do fomento às expressões artísticas e Pontos de Cultura e o lançamento de editais em 2022.

No contexto de execução das metas do plano, é importante destacar as ações do Arquivo Histórico de Guarulhos, dentre elas exposições de seu acervo sobre patrimônio, criação de conteúdo audiovisual e podcast com a participação de artistas e pesquisadores e o registro de diversas narrativas, oficina de produção de documentário, aquisição de material para compor o acervo, publicação e atualização dos inventários dos bens tombados, entre outros.

Cultura e migração

Além de abordar os temas do PMC, a conferência debruçou sobre o subtema cultura e migração. Desde 2020 Guarulhos integra o projeto MigraCidades da Organização Internacional para as Migrações, uma agência da ONU que conferiu à cidade uma premiação fruto de boas práticas na governança de migração, com o Selo MigraCidades.

O painel Cultura e Migração, apresentado pelo subsecretário da Igualdade Racial, Anderson Guimarães, contou ainda com palestra de Roque Patussi, coordenador do Centro de Apoio e Pastoral do Migrante (Cami).

A Secretaria de Igualdade Racial é responsável pela implantação da política de migração da cidade, resultado de ações para inserção dos migrantes e refugiados na comunidade local. O Cami é parceiro da Prefeitura de Guarulhos em diversas atividades para a inclusão da população migrante.

Com relação à cultura, Anderson Guimarães pontua a importância de se pensar políticas públicas destinadas a consumidores de arte a partir de mapeamento realizado em Guarulhos. São mais de dois mil haitianos na cidade, todos praticamente localizados no mesmo território, na região da praça Oito de Dezembro. Por sua vez, há entre 30 e 35 mil bolivianos vivendo na cidade, entre outras etnias.

“Nos últimos dez, 15 anos observamos uma inversão da lógica migratória, que antes se concentrava na zona leste da capital e, nesse período, passou a ser mais intensa na região do Pimentas, onde há inúmeras oficinas e comércios voltados para esse público. Nesse sentido, há uma janela de oportunidades para trabalhos e investimentos em cultura nessa frente que precisam ser foco de nossa atenção”, explicou.

Com a proposta de pontuar a riqueza cultural e econômica da população migratória, o palestrante Roque Patussi trouxe aos participantes um exemplo de dança boliviana, apresentada por mulheres vítimas de violência doméstica, durante edição da tradicional Feira Kantuta, na zona norte de São Paulo.

“Nessa representação o pássaro simboliza o modo como essas mulheres podem voar e sair daquele ciclo de violência”. Em meio a tais manifestações culturais, o palestrante aponta ainda a variedade de comunidades que se reúnem nesta festividade, cada uma delas representada por bandeiras. “Na marcha dos imigrantes foram colocadas mais de 80 pequenas bandeiras para demonstrar que precisamos de um mundo mais unido e não dividido para aliviar o sofrimento na unidade”, disse Patussi.

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