Paratletas guarulhenses são movidas pela vontade de superar desafios

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Quem conhece Paola Klokler e Suelen Serral mal pode imaginar a rotina dessa dupla, muito menos a vontade de superar obstáculos e metas. Elas são paratletas que levam o nome de Guarulhos para competições nacionais e internacionais, já que Paola está para embarcar para a sua terceira participação como atleta paralímpica nos Jogos Parapan-Americanos de Lima, no Peru.

A história da Paola começou ainda criança, no desejo de praticar educação física na escola. Ela nasceu com uma má formação congênita no membro inferior esquerdo. A primeira atividade com a qual teve contato foi a natação, aos sete anos, por recomendação médica. Logo na primeira semana já aprendeu e dominou o nado nos quatro estilos e então começou a competir. “Não era bem o que eu queria porque é um esporte muito solitário. Um amigo meu da natação me levou para ver um treino de basquete quando eu tinha dez anos”, conta Paola.

E então surgiu a primeira barreira para a atleta: utilizar uma cadeira de rodas. “No início foi bem difícil porque eu sempre usei prótese e o esporte é praticado em cadeira de rodas.Eu tinha um preconceito, mas minha mãe disse: ‘já que estamos aqui, você vai experimentar’.Foi paixão instantânea pela modalidade”, revela a paratleta.

Desde então ela não parou mais de competir, até que em 2009 foi notada pelo técnico da seleção brasileira e na primeira convocação virou titular e nunca mais perdeu o posto. Hoje ela atua na posição de pivô. Participou das Paralimpíadas de Londres 2012 e do Rio de Janeiro 2016. “O maior orgulho que tenho na vida foi participar de uma Paralimpíada em casa, podendo ver o rosto de amigos e familiares, cantando o Hino Nacional e sentindo o estádio vibrando comigo”. Além disso, Paola participou dos Jogos Parapan-Americanos de Toronto (2015) e Guadalajara (2011), quando conquistou, nas duas oportunidades, a medalha de bronze. Agora está na expectativa de embarcar para sua terceira participação, desta vez no Peru.

Uma vida dedicada ao esporte

Caminho semelhante trilha Suelen Serral, que pratica, atualmente, tênis em cadeira de rodas. Ela começou na modalidade neste ano, mas sua carreira no esporte começou bem antes. Nascida e criada em Guarulhos, Suelen sempre esteve envolvida em torneios esportivos das mais diferentes modalidades (vôlei, handebol, tênis de mesa, karatê, atletismo, natação, futebol de campo, de salão e na areia), até que uma série de lesões a afastaram de competições de alto rendimento em 2016.

Mas isso não tirou o esporte da vida da atleta. Ela encontrou no vôlei sentado uma oportunidade de continuar disputando títulos. Porém, após uma trocanas regras, ela não poderia mais competir na modalidade.

“Foi um choque para mim. Fiquei mal, perdi a vontade de tudo. Mas então eu conheci o tênis sentado no início deste ano e em apenas um mês já havia feito a iniciação e parti para treinar como atleta de alto rendimento”. Foi esta determinação que a fez ser convocada pela Federação Paulista de Tênis para representar o Estado. “Destaquei-me e trouxe mais uma medalha de prata para casa, perdendo apenas para a atleta número 3 do ranking brasileiro. Minha intenção neste ano é estar entre as dez melhores do Brasil”.

Muito mais que amor pelo esporte

As vidas de Suelen e Paola não se encontram apenas quando o assunto é competição. Elas se conheceram em um evento esportivo quando Suelen estava fazendo estágio (ela é formada em educação física). Conheceram-se, começaram uma amizade que se tornou namoro e evoluiu para casamento. Elas dividem a paixão pelo esporte há mais de oito anos. “Hoje, caminhamos juntas em tudo”, alegra-se Suelen.

Com relação a preconceito, Paola conta que teve apenas uma situação, quando alguns atletas desconfiaram que ela namorava uma mulher. O técnico da equipe esclareceu as coisas de modo rápido e isso até abriu espaço para outras meninas da equipe se sentirem confortáveis. “Treino com o masculino e com o feminino e nunca tive problema, o pessoal aceita tudo muito bem”, completa Paola.

Luta para manter o sonho

A vida da Paola e da Suelen não é fácil. Elas treinam em São Paulo e se deslocam para lá todos os dias, além de fazer academia em Guarulhos e manter uma alimentação regrada, com os devidos suplementos. Elas fazem isso sem patrocínio – a única ajuda que possuem é a Bolsa-Atleta da Paola e de um patrocinador que banca a cadeira de rodas para os jogos (que custa em torno de R$ 10 mil, sem as rodas) e a cadeira de rua. “Estamos fazendo uma rifa para ajudar nos custos. No ano passado o Bolsa-Atleta atrasou e ficamos sem saber o que aconteceria”, conta Paola.

Já Suelen não conta com nenhum tipo de patrocínio e ainda precisa pagar do próprio bolso as inscrições para os torneios dos quais participa. “Hoje, com seis meses de tênis, já estou entre as 20 melhores do Brasil e a intenção é finalizar o ano entre as dez, mas para isso preciso participar de campeonatos”, destaca Suelen.

Quem quiser ajudar as atletas pode entrar em contato pelos e-mails: [email protected]ou [email protected].

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