Agosto Indígena reúne 5 mil participantes em webinário da rede de ensino de Guarulhos

Fotos: Divulgação/PMG
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O webinário do Agosto Indígena realizado na última sexta-feira (06) foi um sucesso entre os educadores da rede municipal de ensino. A Prefeitura de Guarulhos é pioneira em desenvolver atividades e formações sobre o tema ao dar voz e destacar a luta e resistência dos povos indígenas com mais de 500 anos de história e promover avanços na cidade, como as duas Unidades de Saúde Indígena, além de ter influenciado outros municípios de São Paulo a realizarem evento semelhante. A transmissão ao vivo pelo canal da Secretaria de Educação no YouTube somou, até o momento, cerca de cinco mil visualizações. 

O evento contou com a participação de palestrantes indígenas de diversas etnias e professores que ressaltaram o protagonismo dos povos indígenas do ponto de vista histórico e cultural, traduzido em um espaço de significativas reflexões no processo de construção de uma educação para a diversidade. 

Além de evidenciar a importância da lei 11.645/08, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da história e da cultura afro-brasileira e indígena, as palestras proporcionaram aos professores uma aproximação da história dos povos indígenas, contada a partir de suas narrativas, evidenciando a importância de sua preservação, da manutenção de suas terras e o respeito às suas manifestações culturais. 

“As mesas virtuais reafirmaram a necessidade de nos reencontrarmos com esta história que nos constitui enquanto sociedade e que por muito tempo tem sido invisibilizada”, destacou Claudia Lucena, chefe de Diversidade e Inclusão Educacional de Guarulhos. 

Três representantes indígenas participaram da primeira mesa e trouxeram considerações e provocações necessárias para a ressignificação do olhar sobre o indígena. A partir de suas trajetórias como alunos, Pedro Pankararé e Deroby relataram as dificuldades enfrentadas quanto ao processo de reconhecimento e fortalecimento de suas identidades, inclusive com episódios de preconceito decorrentes de visões estigmatizadas, que não refletem a diversidade das mais de trezentas etnias existentes no Brasil.

Em sua abordagem, o professor Edson Kaiapó ressaltou os aspectos da história indígena a partir da invasão e processo de dominação, os resquícios do século XVI, informações equivocadas e propagadas ao longo da história que ainda se fazem presentes, como a ideia de que escravização dos indígenas foi encerrada com a chegada dos africanos, ou que os jesuítas tiveram um papel de defesa dos indígenas.

521 anos de resistência

Durante a tarde de muita reflexão e debate, Géssica Nunes e Vanuza Kaimbé, duas mulheres indígenas, aguerridas e com papéis fundamentais no cenário da luta indígena por reparação, falaram da importância da mulher indígena, com a 1ª Marcha das Mulheres Indígenas, realizada em 2019, para dizer ao mundo o que as mulheres têm buscado: justiça social e preservação da “mãe terra”.    

As convidadas falaram do processo de exclusão e violência que acomete os povos indígenas desde o período de colonização, sobre a aldeia multiétnica de Guarulhos, na qual os diversos saberes convivem em comunidade, principalmente o respeito à natureza e os ensinamentos de seus ancestrais, como a tradição oral e a literatura indígena.    

No encerramento, os palestrantes Mauricio Pinheiro e Awa Kuaray Werá trouxeram, a partir de suas trajetórias, o processo de luta e resistência dos indígenas. Gilberto Awá, da etnia Tupi, falou da sua história como indígena em Guarulhos, revelando os processos de mobilização do seu povo na cidade e seus direitos pela justa adequação da demarcação das terras. “O indígena precisa de um chão para pisar, para expressar sua tradição cultural, para dançar seu toré, fazer seus ritos”, relatou Awá sobre a luta pelo reconhecimento do direito pela terra. 

A programação de atividades que integram o mês do Agosto Indígena continua nesta quarta-feira (11), às 14h, com o encontro virtual Ressignificando Olhares, sobre arte e cultura indígena por meio do link https://youtu.be/rPF-M2HR6RQ.

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