Prefeitura oferece aulas gratuitas de canto a pessoas com mais de 50 anos


A prefeitura oferece aulas gratuitas de canto no Conservatório Municipal com o grupo Solfejando com a Melhor Idade. O coral é formado por homens e mulheres com mais de 50 anos, pessoas que encontraram na música uma forma bastante especial de se expressar e dar vazão às suas inspirações. A atividade acontece às quartas-feiras pela manhã, sempre das 9h às 11h.

De acordo com a professora Clarice Lopérgolo Aguiar, o projeto apresenta músicas cantadas em três vozes: soprano, contralto e barítono, contrariando o prognóstico de repertórios uníssonos, com uma só voz. “Isso faz com que as músicas fiquem ainda mais belas, as pessoas ficam encantadas com as apresentações e muitas delas não esperam um alcance musical tão amplo de um grupo maduro como o nosso”, diz a coordenadora da atividade.

Durante as aulas, o participante aprende noções básicas de teoria, enquanto desenvolve um repertório cuidadosamente selecionado para esta faixa etária. “Peguei um Ita no Norte”, de Dorival Caymmi, “Canta Brasil”, de Francisco Alves, “Bandeira Branca”, de Dalva de Oliveira, “Jubilate Deo”, de Michael Praetorius e “Uirapuru”, de Jacobina e Murilo Latini, são algumas das músicas que compõem o variado repertório, canções que, de uma forma muito particular, se relacionam com a trajetória de cada um dos alunos.

Clarice explica que a iniciativa surgiu em 2011, da necessidade de atendimento de pessoas acima de 50 anos, com ou nenhuma noção de música. Uma conquista está na ampliação do conhecimento musical dos participantes, aprendizados que são adquiridos naturalmente. Hoje, o grupo desenvolve músicas bem complexas e as aulas teóricas acontecem gradativamente, atendendo a demanda do repertório.

Poder de curar a alma

Maria José Lopes dos Santos, de 72 anos, nos conta uma história impressionante de superação e luta. Em um quadro de depressão que já se estendia há cerca de cinco anos, ela não encontrava ânimo para as atividades rotineiras do dia a dia. Foi quando sua filha Cristiane, de 48 anos, que na época era aluna de teoria da professora Clarice, a inscreveu em um novo projeto, o Solfejando com a Melhor Idade, acreditando que essa seria a grande oportunidade de reverter o estado de sua mãe.

O bom resultado foi imediato. Desde que começou a frequentar as aulas, em 2011, Maria José encontrou paz, segurança, amizade e a motivação necessária para abandonar de vez a tristeza e se dedicar a algo que considera grandioso: cantar. “Faltei às quatro primeiras aulas, mas depois que comecei, não parei mais. Foi muito bom e está sendo maravilhoso participar do grupo, aqui eu encontrei uma grande família, a música tem o poder de curar a minha alma”.

Para sua filha Cristiane, que também acompanha o Grupo para fazer companhia à mãe, a conquista de Maria José representa uma grande vitória: “Cantar é um compromisso de minha mãe com ela mesma. Como as canções são folclóricas e o repertório basicamente construído com músicas de época, isso traz uma lembrança afetiva positiva para ela, isso faz muito bem a todos eles”, vibra a filha.

Profissional da área da saúde, Cristiane desenvolveu uma habilidade bastante interessante de leitura emocional dos participantes do grupo, conhecendo-os profundamente, como se todos fossem membros de sua própria família.

Por uma vida com maiores momentos de alegria

Com uma tez negra de dar inveja aos adeptos dos milagrosos produtos de beleza, a cativante Ester Arruda Melo, de 86 anos, conta que sempre gostou de cantar e dançar, mas nunca teve oportunidade. “Meu irmão sempre prometia que me levaria para cantar, mas nunca cumpriu a promessa. Fiquei frustrada quando ele foi morar no exterior e, por muitos anos, abandonei esse sonho. Um dia, minha amiga Amelinha me trouxe para cá, fiz o teste, comecei a cantar e hoje tenho certeza que era isso que estava faltando na minha vida”, conta Ester, alegre.

Italiano da região da Lombardia, Giovanni Testi, de 85 anos, está no Brasil desde 1958 e entrou no grupo em 2011. Ele está acostumado a chegar mais cedo para estudar o repertório e fazer bonito na frente dos demais colegas. “Gosto de soltar a voz, mas só quando tenho certeza, quando eu realmente sei a música, gosto muito do grupo, as amizades são fora de série, sempre cantei desde criança, já participei de óperas em igrejas, bares. Se você quer viver mais alegre, canta!”, ensina.

Casados há 29 anos, Jucinéia Borghesi, de 53 anos, e Marcos Borghesi, de 52, são exemplo de um casal que não foi engolido pela rotina. Eles entraram no grupo no início do ano e descobriram uma aptidão para cantar até então desconhecida. “Eu sempre gostei de música e decidi aprimorar minha voz, não queria vir sozinha e o Marcos decidiu me acompanhar”, conta Jucinéia. Marcos, que estuda viola caipira no Grupo Afina Toeira, achava que não cantava bem e ficou surpreso com o resultado, mas principalmente com o carinho que encontraram. “Nos sentimos acolhidos pelo grupo e pela professora Clarice, cantar junto faz a música ficar ainda mais bonita, encantadora”.

As inscrições para o Projeto Solfejando com a Melhor Idade acontecem sempre no início e no meio do ano, em janeiro e julho. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (11) 2087-7440, de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. O Conservatório Municipal de Guarulhos fica na rua Abílio Ramos, 122, no Macedo.

 

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