Especialista explica por que as pessoas se vacinam menos e faz alerta


Nesta terça-feira (19), dia em que Guarulhos inicia a segunda fase da Campanha Nacional de Vacinação contra o Sarampo para jovens de 20 a 29 anos, o município recebeu a renomada médica Helena Sato. A diretora do Centro de Vigilância Epidemiológica do Estado de São Paulo, que conduziu uma roda de conversa para profissionais de saúde na Associação Paulista de Medicina sobre o tema “As pessoas estão se vacinando menos? Por quê?”, destacou que vacina evita a morte e se constitui estratégia primordial de qualquer programa de proteção à saúde.

Segundo a especialista, o Brasil tem um dos programas de imunização mais completos do mundo se comparado aos países desenvolvidos e sua eficácia, que resultou na eliminação de algumas doenças ao longo dos anos, provoca a percepção enganosa na população de que esses vírus desapareceram, o que não é verdade. Ao lado das fake news (notícias falsas), essa sensação equivocada de que não é mais preciso se vacinar, entre outros fatores como a desinformação, são as possíveis causas para a diminuição da adesão às campanhas de vacinação, o que representa um risco para a sociedade.

“Se o vírus do sarampo entrou no país é porque a cobertura vacinal estava baixa”, explicou. Vale lembrar que, em 2016, o governo brasileiro havia recebido da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) o certificado de eliminação do sarampo, título que o país perdeu por conta do avanço do número de casos, que já fez 14 vítimas fatais somente no estado de São Paulo, destacou Helena Sato.

Segundo a médica, dos 14 óbitos registrados no Estado até agora, sete foram de crianças, entre elas um bebê de 26 dias de vida, que contraiu a doença porque a mãe não havia sido vacinada, uma vez que a proteção da vacina passa de mãe para filho. Ainda de acordo com a especialista, do total de casos de sarampo confirmados até o momento, 30% estão concentrados na faixa etária de 20 a 29 anos, que é o público-alvo desta segunda fase da campanha nacional que se inicia agora e se estende até o próximo dia 30, e outros 30% foram registrados em crianças menores de cinco anos.

“Por isso, é muito importante que os pais levem seus filhos aos postos para se vacinar e que os jovens de 20 a 29 anos participem da campanha”, alertou Helena Sato. A médica ressaltou ainda que a proteção da vacina contra o sarampo para os bebês a partir de seis meses e menores de um ano é de apenas 70%. Sendo assim, essas crianças que estão recebendo a primeira dose na campanha devem retornar aos serviços de saúde para tomar mais duas: uma com 12 meses e outra com 15 meses de idade.

Helena Sato finalizou sua participação na roda de conversa promovida pelo Departamento de Vigilância da Secretaria Municipal de Saúde afirmando que as vacinas do programa nacional de imunização são extremamente seguras. “São milhões de doses administradas todos os anos. Não podemos deixar que notícias falsas provoquem queda nas coberturas vacinais, como foi o caso de três meninas que afirmaram ter apresentado reação adversa à vacina contra o HPV e que, no entanto, todos os exames realizados apontaram para a incongruência com a queixa”, esclareceu.

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