Sindicato dos Médicos quer reduzir o número de consultas nas UBSs

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Reportagem: Wellington Alves

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Sob estado de greve, o Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp) cobra a Prefeitura de Guarulhos para que reduza o número de consultas nos postos de saúde para três por hora, ou seja, uma a cada 20 minutos. Se a regra vigorar, sem aumento do número de profissionais, haverá redução de, pelo menos, 25% dos atendimentos na rede pública.

Nos convênios, a média é de cinco atendimentos por hora. O Manual de Auditoria de Atenção Básica do Ministério da Saúde estipula quatro consultas por hora como ideais – sem considerar especialidades. Resolução do Conselho Regional de Medicina de São Paulo tem o mesmo entendimento. A Prefeitura de Guarulhos afirma que segue esses parâmetros e descarta reduzir os atendimentos.

Na noite de quinta-feira, o Simesp publicou nota em informava estado de greve dos médicos da cidade por problemas estruturais da rede de atendimento, nos fluxos de trabalho e assédio moral praticado pela gestão do município. 

“Os médicos não querem chegar ao extremo de paralisar os atendimentos, mas o farão se for necessário para melhorar a qualidade da assistência no município”, disse Eder Gatti, presidente do Simesp, na nota. O sindicato reclama ainda que, com o aplicativo, os médicos têm atendido oito pacientes por hora, o que prejudica o diagnóstico, além da falta de segurança e retaguarda no atendimento a pacientes de psiquiatria.

O vereador Eduardo Carneiro (PSB), líder do governo na Câmara Municipal, nega as acusações. Ele pondera que o aplicativo está em fase inicial e que o episódio de oito atendimentos por hora pode ter ocorrido “eventualmente” com alguns médicos por falha no sistema. “O sindicato quer inviabilizar o atendimento para a população. Na rede particular, são cinco atendimentos por hora, sendo quatro de rotina e um retorno. Não dá para deixar apenas três”, afirma o parlamentar, que também é médico.

O cardiologista José Mário, que atende na rede pública de Guarulhos há mais de 30 anos, considera exagero reduzir para três as consultas por hora na rede básica. “Esse índice já acontece em especialidades e pré-natais, mas é inviável em consultas de rotina”, avalia.

Prefeitura afirma que pacientes faltam em 30% das consultas

A Secretaria Municipal de Saúde informou que possui um Documento Norteador da Atenção Básica que já estabelece quatro consultas por hora para cada médico. A Prefeitura identificou que de 25% a 30% dos pacientes faltavam nas faltas e agendou 12,5% de pacientes a mais para sobrepor as ausências.

“Diferente do afirmado pelo Sindicato dos Médicos, em nenhum momento houve sobrecarga de trabalho por conta da implantação do aplicativo, mas sim aproveitamento dos horários ociosos por conta das faltas dos pacientes às consultas previamente agendadas. Vale destacar que a cobertura do absenteísmo também é uma diretriz preconizada pelo Documento Norteador para garantir o melhor aproveitamento das agendas”, aponta a secretaria.

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